O candidato republicano à Casa Branca, Donald Trump, discursou como presidente eleito para apoiadores na Flórida e disse que seu novo governo será "a era de ouro da América".
Trump subiu ao palco em um resort de luxo em Palm Beach na madrugada desta quarta-feira (6) ao lado da família e do senador JD Vance, candidato a vice-presidente.
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A apuração dos votos ainda estava em andamento quando ele discursou. Trump somava 267 dos 270 delegados no Colégio Eleitoral, segundo projeções da agência AP, e superava a democrata Kamala Harris também no voto popular. Além disso, o jornal "The New York Times" estimava chance de vitória para ele acima de 95%.
O republicano disse que os americanos deram a ele "um mandato poderoso e sem precedentes" e classificou a vitória como o "maior movimento político de todos os tempos".
"Eu não vou descansar até devolver uma América segura e próspera que merecemos. Essa vai ser a era de ouro da América."
Até a última atualização desta reportagem, Trump liderava em todos os estados-chave considerados decisivos para vencer a eleição presidencial, segundo a Associated Press.
O republicano comentou a votação expressiva nos estados-chave e disse que estava vivenciando um sentimento de amor maravilhoso. Ele também citou o fato de o partido ter retomado o controle do Senado após quatro anos.
"Nós vamos começar a colocar a América em primeiro lugar. Juntos podemos fazer com que a América seja grande novamente. Eu não vou decepcioná-los."
Durante a fala, Trump não citou a adversária Kamala Harris. A expectativa é que a democrata faça um discurso ao longo desta quarta-feira.
Imigração ilegal
No novo governo, Donald Trump prometeu consertar tudo o que está de errado nos Estados Unidos, começando pela fronteira e pela segurança nacional.
"E agora vamos chegar a um novo nível de importância, porque vamos ajudar nosso país a se curar. Nosso país precisa de ajuda urgente", disse.
Ainda falando sobre imigração, Trump afirmou que os Estados Unidos precisam fechar suas fronteiras.
O presidente eleito esclareceu que isso não impede que as pessoas continuem a ir para o país, mas enfatizou que elas devem entrar de forma legal no território norte-americano.
Durante a campanha, Trump prometeu fazer a maior deportação em massa da história dos Estados Unidos. Ele também acusou países da América Central e do Sul de enviar criminosos para o território norte-americano.
Diversas vezes nos últimos meses, o republicano relacionou a imigração ilegal a um suposto aumento da criminalidade nos Estados Unidos.
No discurso, Trump prometeu que não vai descansar até devolver "a América segura e próspera que merecemos".
Promessas e união
Donald Trump anunciou que adotará como slogan a seguinte máxima: "Promessas feitas serão cumpridas".
O republicano prometeu que fará com que os Estados Unidos deem a "volta por cima", com melhorias nos indicadores econômicos. Ele disse que reduzirá o déficit do governo e cortará impostos. Na área da saúde, sugeriu que o ex-candidato independente Robert F. Kennedy Jr. fará parte da gestão.
Trump também fez um aceno à união. Ele disse que recebeu uma votação expressiva de todos os segmentos da sociedade norte-americana, incluindo afroamericanos, hispânicos e árabes — que são eleitores que costumam votar nos democratas.
"Jovens, velhos, urbanos, rurais. Todos nos ajudaram hoje", disse. "Eu peço a cada cidadão em todo o país que se junte a mim na minha jornada. É hora de unir nosso país. O sucesso vai nos unir."
Fazendo uma referência às tentativas de assassinato que sofreu nos últimos meses, Trump disse que teve sua vida poupada por Deus para que pudesse ser eleito presidente.
"Deus salvou minha vida por uma razão: para salvar nosso país e restaurar a América em sua grandeza. Vamos seguir essa missão juntos. Essa tarefa não será fácil, mas trarei toda a minha energia e minha alma para conseguir."
J.D. Vance e Elon Musk
Trump fez agradecimentos especiais a duas pessoas que foram essenciais na campanha republicana: ao vice na chapa, J.D. Vance, e ao bilionário Elon Musk.
Em relação a J.D. Vance, Trump disse que enfrentou certa resistência dentro do partido ao convidá-lo a ser vice-presidente na chapa republicana.
"Eu sabia que ele era muito bom, e juntos vamos fazer esse país dar a volta por cima", afirmou.
Vance subiu ao palco e agradeceu a Trump pela oportunidade. Ele disse que os Estados Unidos testemunharam a "mais incrível volta por cima da história política americana".
"Sob a liderança do presidente Trump, vamos lutar pelos seus sonhos, por seus filhos. Vamos fazer a maior virada econômica dos Estados Unidos", disse Vance.
Em seguida, Trump dedicou uma boa parte do discurso para agradecer a Elon Musk. O bilionário foi um dos grandes patrocinadores do candidato republicano e chegou a sortear dinheiro para estimular eleitores.
Trump chamou Musk de "supergênio" que precisa ser valorizado. Ele citou os feitos das empresas de Musk nas áreas de pesquisa espacial e tecnologia e disse que amava o bilionário.
47º presidente
Trump será o 47º presidente dos Estados Unidos. Ele será o segundo na história dos Estados Unidos a ter dois mandatos não consecutivos. O republicano governou o país entre 2017 e 2021.
Aos 78 anos, ele também deve ser o mais velho a assumir a Presidência dos Estados Unidos, superando o recorde de Joe Biden.
Também será a primeira vez que uma pessoa condenada pela Justiça governará o país. Em maio deste ano, ele foi condenado por fraude contábil ao declarar como gasto de campanha um pagamento feito a uma ex-atriz pornô.
O republicano ainda é réu em três processos diferentes, com dezenas de acusações. E, mesmo eleito, ele terá de ir a julgamento. Em um dos processos, Trump é acusado de tentar reverter de forma ilegal o resultado das eleições presidenciais de 2020.
O republicano é acusado ainda por 18 mulheres de crimes sexuais — três deles estupros — segundo um levantamento da rede de TV norte-americana ABC. Ele nega todos os casos.
Antes de chegar à Casa Branca, Trump construiu uma carreira empresarial de sucesso. O pai dele fez fortuna erguendo prédios nos bairros do Brooklyn e do Queens, em Nova York.
Em 1968, ele se formou em Economia na Escola Wharton da Universidade da Pensilvânia e, em seguida, sucedeu o pai no comando da empresa familiar.
Enquanto o pai dele construía casas para a classe média, Trump optou pelas torres luxuosas, hotéis, cassinos e campos de golfe. Já nos anos 1980, ergueu diversos empreendimentos em Nova York, incluindo a Trump Tower e o Trump Plaza.
A fama como grande empresário também fez com que ele fizesse aparições constantes na TV e no cinema. Nos anos 2000, apresentou a versão americana do programa "O Aprendiz".
Como presidente, Trump foi criticado durante o primeiro mandato pela condução das políticas para o combate à pandemia de Covid-19 e pelo comportamento controverso.