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Economia Terça-feira, 21 de Maio de 2024, 23:03 - A | A

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POTENCIAL TRAVADO

Rede de transmissão ainda é um gargalo para geração de energia limpa em MT

Stephanie Romero | Assessoria

A produção de energia limpa, o uso de novas tecnologias, os desafios do setor elétrico e a transição energética foram temas do painel “Panorama da Transição Energética Global, Novas Tendências e o Papel das Energias Renováveis na Matriz Energética de Mato Grosso e do Brasil”, que inaugurou o XII Seminário de Energia, realizado nos dias 21 e 22 de maio, na Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt).

O presidente do Sindenergia, Tiago Vianna de Arruda, enfatizou que a discussão sobre a transição energética no país é urgente e que é necessário debater os arcabouços legais e tributários para proporcionar maior segurança jurídica, visando a geração de mais energia limpa, com menor dano ao meio ambiente e menor impacto na sociedade.

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Ele ressaltou que Mato Grosso consome anualmente 11 TWh e produz cerca de 20 TWh, sendo a maior parte proveniente de fontes hídricas. Apesar do crescimento do setor de energia solar, esta representa aproximadamente 10% da energia consumida no estado.

“Essa é a maior penetração de geração distribuída no Brasil; por isso, Mato Grosso é líder em tamanho de mercado, embora seja o quinto em potência instalada. Ainda há espaço para expandir esse sistema, pois nossas redes conseguem suportar mais investimentos em geração. A transmissão ainda representa um gargalo, como exemplifica a região de Ribeirãozinho, que conecta com o Sudeste e entrega energia para Araraquara, em São Paulo. São necessários investimentos bilionários, e a iniciativa privada está pronta para realizá-los, mas é imprescindível que o setor público realize as outorgas e os leilões de forma a evitar problemas de fornecimento de energia no futuro.”

Para que o setor industrial de Mato Grosso cresça ainda mais, é essencial o fornecimento de energia elétrica, conforme defende o presidente da Federação das Indústrias de Mato Grosso, Sílvio Rangel. No entanto, o desafio, segundo ele, não está na geração de energias renováveis, mas em garantir que essa energia chegue às empresas, indústrias e residências.

“O futuro da indústria depende tanto da geração quanto da transmissão de energia. Sem energia, o crescimento industrial de Mato Grosso e o desenvolvimento regional são inviabilizados. Enfrentamos um problema sério na transmissão de energia, que demanda investimentos no setor e aprimoramento do serviço, incluindo manutenções e a renovação das linhas, com a transição de monofásico para trifásico. Mato Grosso é autossuficiente em produção de energia, com uma matriz limpa, mas é crucial discutir como essa energia é distribuída.”

O ex-senador e ex-governador de Mato Grosso, Blairo Maggi, que também moderou o painel, destacou a importância das concessionárias de energia e o avanço da autogeração. Esta foi a segunda vez que ele participou do seminário, ressaltando a importância de reunir diferentes atores, como o setor público e o empresariado.

Maggi comentou ainda sobre a evolução dos investimentos em energia fotovoltaica no país, apontando como grande vantagem o fato de ser um sistema distribuído de energia e de investimento, composto por centenas de pequenos projetos que, juntos, formam um grande projeto.

“Já temos no Brasil um volume de energia solar comparável ao de uma Itaipu. Itaipu custou bilhões de dólares e teve um único financiador, o governo federal. Já a energia solar, que cresceu sem gerar dívidas, permite investimentos compartilhados, oferecendo à sociedade uma forma econômica de produzir energia. Contudo, a transmissão de energia é mais complexa e depende de contribuições coletivas. A distribuição é responsabilidade de uma concessionária. Se todos produzirem sua própria energia e desejarem utilizar as redes da concessionária sem custos, como isso funcionará no futuro?”

O deputado estadual Carlos Avalone e vice-presidente do Sindenergia destacou que o seminário traz debate de alto nível e técnico sobre o futuro da produção de energia elétrica no Estado e no país há mais de 10 anos, se tornando uma referência. 

“Nós sabemos das transformações que o mundo está vivendo, tentando sair dos combustíveis fósseis para a energia mais limpa. Mato Grosso é um centro futuro e presente dessas energias mais limpas, como biodiesel, como o etanol de milho. Mato Grosso sairá, acho eu, pelo caminho mais rápido na solução pela substituição do combustível de aviação, que é um dos mais poluentes do mundo, com base do etanol de milho. Nós já temos o biometano como uma legislação estadual, já permitindo que isso aconteça, o biogás, somos os maiores produtores de de etanol de milho e um dos maiores produtores de biodiesel”. 

Também participaram do painel como moderadores o coordenador-geral de etanol e biometano do Ministério de Minas e Energia, José Nilton de Souza Vieira; a especialista em regulação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Lívia Raggi; e o gerente de Divisão de Infraestrutura Transição Energética e Clima do BNDES, Renato Santos.

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