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Economia Sexta-feira, 21 de Agosto de 2020, 07:33 - A | A

Sexta-feira, 21 de Agosto de 2020, 07h:33 - A | A

BARES E RESTAURANTES

Recuperação é uma batalha diária

Priscilla Silva

A readequação de bares e restaurantes no período pós-quarentena trouxe um desafio extra aos gestores dos estabelecimentos. Além de aumentar os investimentos em biossegurança, os empresários precisam definir estratégias para recompor as vendas e obedecer a legislação local. A celeridade no atendimento, para aumentar a rotatividade, está entre as alternativas.

Ao permitir o funcionamento dos salões de restaurantes, os decretos municipais têm seguido as mesmas regras: limitação na quantidade de clientes, horário para operação e espaçamento mínimo. Restrições que refletem diretamente no faturamento das empresas que sobreviveram aos quatro meses de fechamento.

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A volta tímida das atividades não será para todos. Uma pesquisa realizada pela Associação Nacional de Restaurantes (ANR) mostra que cerca de 200 mil estabelecimentos não resistirão à crise e encerrarão, definitivamente, as operações. Há também unidades que optaram por não reabrir, mesmo com autorização dos municípios. Dentre os motivos para essa decisão estão uma possível insegurança dos consumidores em frequentar os locais, horário de funcionamento reduzido e falta de renda do próprio consumidor.

Apesar da extensa lista de dificuldades, há quem sobreviveu à quarentena e se surpreende com os resultados alcançados no período.

Inaugurado em março, poucos dias antes do início do isolamento social em Cuiabá, o bar e restaurante Ponto do Porco foi pego de surpresa com a notícia da pandemia de covid-19. Na volta, toda a estrutura foi alterada e uma nova estratégia de atendimento foi colocada em prática.

“Estamos atendendo conforme as normas, mas o ser humano tem que se adaptar a tudo e o tempo todo. Então, para compensar a redução do número de mesas, investimos mais em agilidade no atendimento. Hoje, todo o processo de pedido não passa de 10 minutos de espera”, revela um dos proprietários do bar, José Renato Lima.

Para atingir essa marca, os donos precisaram investir na contratação de funcionários. O quadro, que era composto de 10 trabalhadores, saltou para 16. A fluidez no processo de atendimento permite um melhor faturamento.

“Só podemos atender das 17h às 22h, então ter essa rotatividade de clientes permite que mais pessoas sejam atendidas nesse curto espaço de tempo. Mas acreditamos que essa delimitação de horário pode ser estendida pela prefeitura para até a meia-noite, pois isso distribuiria melhor o público, evitando filas de espera”, explica o empresário.

Com restrição na lotação, a quantidade de mesas caiu de 60 para 40. Quem chega depois da ocupação-limite espera atendimento na fila, que é controlada por uma das novas funcionárias contratadas pela casa. “Também é uma maneira de já ir acelerando o atendimento”, reforça.

PESQUISA

O receio de ser infectado pelo coronavírus ao frequentar espaços como bares e restaurantes aparentemente não é o principal motivo para a redução de faturamento dos estabelecimentos.

Uma pesquisa realizada em maio pela Galunion em parceria com o Instituto Qualibest apontou que 79% das pessoas entrevistadas planejavam comer fora do lar após a pandemia. Desse total, 49% estariam dispostos a consumir no restaurante. Os outros 51% se dividem entre retirar para consumir em outro local (27%), receber a comida no local onde estiverem (12%) e drive thru (12%).

“Olhando no geral, os clientes estão vindo e estamos felizes com o resultado que estamos tendo. Mesmo com espaço e tempo reduzidos, não temos o que reclamar”, declara José Renato, proprietário do Ponto do Porco.

De acordo com o decreto municipal nº 8.020 de 27 de julho de 2020, as atividades econômicas de bares e restaurantes e congêneres, podem ter atendimento ao público de segunda-feira a sábado, das 11h às 22h, e aos domingos e feriados das 11h às 16h.

IMPACTO DA PANDEMIA - Segundo números da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), o setor de alimentação gera 6 milhões de empregos em 1 milhão de estabelecimentos. O covid-19 já gerou 1,5 milhão de desempregados e 250 mil empresas fechadas nesta área da economia.

EFEITO COVID

De acordo com 5ª pesquisa da série Covid-19 da Associação Nacional de Restaurantes (ANR), o fechamento de muitas companhias afeta diretamente os postos de trabalho: 64% já promoveram demissões. Até o momento, a estimativa é que mais de 1 milhão de trabalhadores já perderam o emprego no segmento em todo o país.

Para o presidente da ANR, Cristiano Melles, as linhas de crédito e a própria lei que permitiu reduzir contratos e suspender jornadas contribuíram para que a situação do segmento não fosse ainda pior. “São importantes medidas, sem dúvida, mas infelizmente não foram suficientes para brecar demissões e até mesmo o fechamento definitivo de muitas empresas, como aponta nossa pesquisa”, disse.

A associação defende a criação de um pacote de apoio federal específico para o setor, a exemplo do que acontece em países como Estados Unidos ou Inglaterra.

Na 5ª pesquisa da ANR, a entidade também mostrou a performance financeira no mês de julho na reabertura comparada com o mesmo período do ano passado. Pouco mais de 60% afirmaram que o faturamento não chega a 30% do que há um ano. O percentual chega a 86,5% entre as empresas que afirmam não faturar nem a metade em relação a julho de 2019.

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