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Economia Segunda-feira, 11 de Setembro de 2023, 07:44 - A | A

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DESAFIO NO AGRO

Queda na rentabilidade faz produtores cogitarem trocar milho por algodão na 2ª safra

Preços do milho acumulam queda de mais de 39% nos últimos meses

Gabriel Soares

Editor-Chefe | Estadão Mato Grosso

Produtores rurais de Mato Grosso estão avaliando a substituição do milho por algodão na segunda safra, devido a mudanças no cenário de custos e demanda. Enquanto os custos com defensivos agrícolas para produção de algodão diminuíram cerca de 35% no último ano, tornando a produção da pluma mais atrativa, o milho enfrentou uma queda de mais de 39% em seus preços nos últimos meses.

Os produtores agora enfrentam a difícil decisão de escolher entre as culturas. O algodão, embora promissor em termos de rentabilidade, implica custos significativamente mais elevados em relação ao milho. Além disso, a logística e a capacidade das instalações de beneficiamento de algodão também devem ser consideradas, lembra Jeferson Souza, analista de inteligência da Agrinvest.

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“Os custos do algodão são praticamente três vezes maiores do que os custos operacionais do milho. Além do maquinário ser muito mais caro, é preciso analisar a capacidade das algodoeiras e a logística, pois tudo isso impacta diretamente na rentabilidade. Então, o risco e retorno do algodão é muito maior porque o investimento também é maior”, pontua o analista.

A decisão também depende da demanda global por algodão, que pode afetar os preços da commodity no futuro. O aumento previsto na produção de algodão no Brasil pode levar a um excesso de oferta, resultando em uma pressão descendente sobre os preços.

O International Cotton Advisory Committee (ICAC) alertou para o enfraquecimento da demanda global de algodão devido à inflação e ao baixo apetite de compra dos consumidores em países desenvolvidos. Isso gera preocupações sobre a capacidade de absorção da oferta adicional.

“Olhando para a rentabilidade, hoje o algodão tem uma performance melhor que o milho safrinha. Porém, os custos ainda são elevados e ainda é um mercado que está sob tensão. Com a previsão de aumento da produção no Brasil, é fundamental analisar o mercado consumidor. Se não houver uma resposta do lado do comprador para absorver essa maior oferta, existe a chance de queda nas cotações do algodão no ano que vem”, ressalta Souza. 

Por outro lado, os produtores de milho também estão enfrentando forte pressão, com uma queda de aproximadamente 40% na rentabilidade, apesar do aumento de 16% na produção em Mato Grosso em relação ao ano anterior.

A Associação de Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT) observa que, embora a produtividade tenha sido positiva, os altos custos e a queda nos preços estão levando a uma reavaliação na expansão das áreas de plantio. Espera-se uma retração no plantio para a próxima safra de milho devido a esses desafios econômicos e ao aumento dos custos de produção.

Com uma produtividade de 113 sacas por hectare, conforme as estimativas preliminares do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), o Estado contabiliza pouco mais de 51 milhões de toneladas de milho produzidas nessa safra.

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