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Economia Quinta-feira, 20 de Agosto de 2020, 07:00 - A | A

Quinta-feira, 20 de Agosto de 2020, 07h:00 - A | A

PÓS-QUARENTENA

Pechincha e xepa virtual será tendência

O isolamento social alterou alguns hábitos e comércio eletrônico de frutas e hortaliças no varejo deve atender essa mudança de consumo

Priscilla Silva

O paladar da população brasileira sofreu variações ao longo da quarentena. As transições se alternaram entre um consumo mais saudável – com busca por frutas e verduras – e um mais indulgente – com procura de alimentos que dão prazer, como doces e massas. Para um período pós-quarentena, pesquisas mostram que o hábito saudável deverá prevalecer. Caso essa tendência seja confirmada, o setor de hortifrúti se vê diante de um desafio: transformar essa demanda em vendas e facilitar o acesso desses produtos por meio do comércio eletrônico.

O isolamento social alterou alguns hábitos dos consumidores, que passou a se preocupar mais com a saúde e segurança alimentar. Porém, ainda não se sabe ao certo se o consumo de frutas e hortaliças prevalece nesse período.

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O comportamento alimentar e as oscilações desse mercado são alvo de vários estudos. Parte dessas informações e dados foi compilada por uma equipe da revista ‘Hortifruti Brasil’, de agosto. A revista é uma publicação do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP.

“É importante considerar que, mesmo no varejo, a demanda por frutas e hortaliças mudou ao longo dos quatro meses de quarentena. Em alguns períodos, houve maior evidência do apelo saudável ditando as ações de consumo, mas há indícios de que a saudabilidade foi se perdendo com o andamento da quarentena”, destaca a publicação.

Embora não haja uma consistência no hábito alimentar durante o isolamento, pesquisas revelam que a tendência é que a população adote um estilo mais saudável no momento pós-quarentena. Na confirmação do aumento dessa demanda, o setor de hortifrúti terá que investir em novos canais de vendas.

“A busca por um estilo de vida saudável deve persistir, podendo ser até mais evidente que nos últimos anos. A diferença é que, provavelmente, o setor de hortifrúti precisará inovar e tomar ações mais audaciosas, como melhorar o comércio eletrônico de frutas e hortaliças no varejo e ampliar as opções de alimentos práticos (como os minimamente processados). Ainda, será muito importante transmitir segurança ao consumidor, especialmente por conta do possível maior manuseio de alimentos”, destaca a publicação do Cepea.

Estratégia de vendas
As mudanças no setor de hortifrúti começaram na sequência do anúncio da pandemia da covid-19. Com o fechamento de seus principais mercados, como feiras livres, escolas e restaurantes, os comerciantes precisaram criar uma nova estratégia de vendas para seus produtos na quarentena. Das alternativas existentes, a mais segura e viável foi o comércio eletrônico.

Em Cuiabá, a ideia de comercializar os produtos das feiras no ambiente on-line começou nas redes sociais. Tendo um resultado satisfatório, o grupo investiu na construção de um aplicativo de vendas que será lançado no Dia do Feirante, próximo dia 25.

“Estamos acompanhando as mudanças que estão ocorrendo no mundo. Daqui pra frente tudo vai funcionar virtualmente, e não será diferente com as feiras. Estamos tentando acompanhar um mercado [virtual] que está crescendo e a pandemia veio intensificar isso. Começamos com uma página no Facebook, que deu certo e agora vamos lançar o aplicativo”, destaca o feirante Mário Carreiro.

A ferramenta funcionará em complemento às feiras de rua, que retornaram às atividades no início deste mês, em Cuiabá. “A função do aplicativo é levar a mercadoria do feirante de forma prática, segura e com conforto ao cliente. Será uma ferramenta de utilidade pública, que traz a experiência na palma da sua mão”, explica Mário.

De acordo com o representante dos feirantes, o aplicativo possibilitará que o consumidor vivencie de forma virtual a famosa pechincha e até participe da xepa. “No final de cada feira, por exemplo, a de domingo, o feirante pode negociar sua mercadoria a um preço menor, então vai ter xepa sim”, reforça Mário.

Além da comercialização dos produtos da feira, o aplicativo trará informações sobre o funcionamento das 48 feiras realizadas na região metropolitana de Cuiabá, com horários e locais. Para garantir uma entrega segura, a associação planeja disponibilizar entregadores. “Estamos em contato com um grupo de entregadores, para trazer mais segurança e ganhar a confiança dos consumidores”, declara o presidente da associação.

Hábitos pós-quarentena
Alguns hábitos de consumo dos brasileiros devem ser mantidos com o fim do isolamento social, conforme análise feita pela Hortifruti Brasil, edição de agosto, que destaca cinco deles:
1 - Cautela e seletividade nas compras
Com a recessão econômica, a perda de empregos e as perspectivas incertas de ganho, consumidores tendem a ser mais cautelosos e seletivos em suas compras, o que pode impactar negativamente as vendas de hortifrútis mais caros.
2 - Retomada lenta ao food service
Muitos consumidores não pretendem, logo de cara, voltar a frequentar bares, restaurantes e outros estabelecimentos com aglomerações, tanto pela preocupação financeira quanto pelo receio de contrair o vírus. Assim, muitos devem restringir as idas aos restaurantes a quilo, temendo, por exemplo, que a higienização dos utensílios não seja constante e adequada.
3 - Retomada aos hotéis
Turistas também devem retomar as idas a hotéis em maior intensidade só em 2022. Ressalta-se aqui que muitas frutas, como o mamão e o melão, tiveram o escoamento comprometido a esses estabelecimentos, tendo em vista que são oferecidos no café da manhã.
4 - Compras on-line permanecem
A experiência de compras on-line foi positiva e consumidores devem permanecer utilizando o serviço no pós-quarentena, tanto de refeições prontas quanto no varejo.
5 - Alimentação saudável volta à tona
Após crescimento do consumo por indulgência, a priorização da alimentação saudável e mais consciente deve voltar a ganhar espaço. Além disso, consumidores devem dar maior importância ao consumo de produtos locais e de proteínas de origem vegetal.

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