Na véspera da Sexta-feira Santa, o Mercado Municipal Antônio Moisés Nadaf, em Cuiabá, se enche de consumidores que buscam manter a tradição de trocar a carne vermelha por peixe, apesar dos desafios enfrentados no bolso dos brasileiros. Na tradição da Igreja Católica, a Sexta-feira Santa, também chamada de Sexta-feira da Paixão, é um dia marcado como gesto de penitência e respeito ao sacrifício de Jesus Cristo. Desde então, o peixe se tornou o substituto tradicional nas refeições, e sua presença na mesa dos cuiabanos segue firme, fazendo da prática religiosa parte da cultura local.
Acompanhando o movimento do Mercado Municipal, a equipe do jornal Estadão Mato Grosso conversou com Diego Bosco, que aproveitou o dia para garantir o peixe do almoço e relatou que ele e a família seguem a cultura religiosa da Sexta-feira Santa: “Toda sexta-feira santa a gente tem essa tradição de vir à feira, comprar o peixe, fazer o peixe. A gente não come carne vermelha e mantém a tradição.”
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Segundo Diego, o aumento nos preços já era esperado diante do cenário econômico atual. “Está acompanhando o preço de tudo. Tudo está caro, obviamente o peixe também vai ficar caro”, comentou. Ele explica que, mesmo que o peixe estivesse mais barato, a alta demanda nesse período acabaria elevando os valores. “Se não tivesse também ia ficar, porque se a carne vermelha está cara e o peixe barato, o pessoal vai comprar mais peixe. Vai aumentar o preço também”, avaliou.
Além da alta nos preços e da grande procura pelo pescado, Diego também percebeu uma mudança na movimentação do mercado em comparação com anos anteriores.
"Isso aqui ano passado estava muito mais cheio, muito mais lotado. Agora você vê que consegue comprar com facilidade", observou.
Com o orçamento mais apertado, ele destaca que muitos consumidores têm buscado alternativas mais baratas para manter a tradição. “O pessoal tenta vir comprar uma espécie de peixe mais barato, né?! Porque tem o pintado, que é o mais caro, o carro-chefe, tem o pacu também, aí o pessoal acaba optando por um peixe com valor mais acessível. Então muda o consumo da pessoa”, explicou.
Mesmo diante das dificuldades econômicas e da necessidade de adaptação no consumo, no Mercado do Porto, tradição e realidade econômica se encontram em meio às bancas de peixe e conversas sobre preços, consumidores equilibram o desejo de manter o costume religioso com os limites do orçamento. A cena se repete ano após ano, reafirmando o papel cultural que a data ocupa na rotina de muitas famílias.