A indústria brasileira aumentou o faturamento em 5,2% em setembro. O resultado é o maior dos últimos cinco anos, conforme mostra o indicador apurado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), e surpreendeu as expectativas do setor, que vem se recuperando das quedas registradas durante a quarentena.
Esta é a quinta vez consecutiva que a indústria registra saldo positivo em seu faturamento, mas, apesar do bom resultado, o setor ainda amarga as perdas ocasionadas pela pandemia da covid-19. Conforme a pesquisa, o faturamento ainda é negativo na comparação do acumulado de janeiro a setembro. A queda é de 1,9% no acumulado do ano.
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A pesquisa CNI compila resultados de 12 federações estaduais das indústrias, que respondem por mais de 90% do produto industrial brasileiro. Mato Grosso não compõem essa lista, mas as expectativas no estado também são de otimismo, como mostra o Índice de Confiança do Empresário Industrial de Mato Grosso (ICEI-MT) de setembro.
O otimismo dos empresários em setembro foi maior que o do mês anterior. O índice de confiança teve alta de 2,7 pontos, fazendo com que o indicador estadual marcasse 61,1 pontos, próximo do resultado nacional (61,6 pontos). As indústrias da construção e a extrativista foram as que mais se destacaram no período. O Índice de Confiança do Empresário Industrial é um indicador de difusão que varia de 0 a 100. Quanto mais perto de 100, maior a confiança.
“Ambas as atividades seguem confiantes. A confiança atinge resultados de setembro do ano passado, período sem pandemia do coronavírus, o que resulta na recuperação das atividades industriais, consequentemente em novas contratações e intenção de investir”, apontam os analistas do Observatório da indústria da Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt).
Nacionalmente, esse desempenho superou as previsões anteriores a ponto de a Confederação considerar que “a atividade industrial de setembro [fosse] excepcionalmente forte”.
Com essa retomada, a ociosidade de plantas industriais voltou aos níveis registrados antes da pandemia, com a utilização chegando ao maior nível desde junho de 2015.
“As horas trabalhadas na produção praticamente voltaram ao patamar pré-pandemia, enquanto a utilização da capacidade instalada (UCI) superou 79%, o que não acontecia desde junho de 2015”, aponta a pesquisa CNI.
A UCI mede o quanto os equipamentos e os trabalhadores das empresas estão ocupados na produção em relação ao máximo do que pode ser produzido por um longo período sem dificuldades.
“Foi uma recuperação mais forte do que o esperado, mas não significa que o Brasil vai voltar a crescer mais de 2% ao ano, como precisa crescer, para o padrão de vida do brasileiro se igualar ao dos países desenvolvidos”, explica Renato da Fonseca, gerente-executivo de Economia da CNI.
Renato aponta que apesar de a indústria ter se recuperado em alguns aspectos ainda existem problemas nas cadeias produtivas, como, por exemplo, a falta de insumos.
O desabastecimento da indústria no período de reabertura das atividades também prejudicou Mato Grosso. A baixa disponibilidade de matéria-prima e seu encarecimento, além dos custos elevados com logística, acabaram por criar barreiras para a recuperação do setor industrial.
“O custo da nossa indústria já é alto se comparado aos concorrentes dos mesmos setores no mundo. Além disso, um quarto da nossa riqueza é destruída em ineficiência. Por isso, a busca de solução para esse problema é um dos assuntos mais importantes para os empresários”, declarou Gustavo de Oliveira, presidente da Fiemt, que na ocasião debatia os impactos da falta de insumos e da alta do dólar sobre as indústrias de MT.