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Economia Segunda-feira, 20 de Abril de 2020, 21:30 - A | A

Segunda-feira, 20 de Abril de 2020, 21h:30 - A | A

SEM TEMPO RUIM

Franquias miram oportunidades durante a crise

Priscilla Silva

O fechamento dos shoppings centers, como medida preventiva de expansão da Covid-19, afetou diretamente o setor de franquias em Mato Grosso. O mercado, que no ano passado registrou crescimento de 16% em número de unidades no estado, se viu diante de um desafio de reconstruir suas estratégias para manter as atividades. A atuação em rede, que possibilitou a troca de experiências entre os franqueados, tem mantido o setor atuante e com perspectiva de crescimento, mesmo em meio à crise ocasionada pela pandemia do novo coronavírus.

Em 2019, 63 novas unidades de franquias chegaram em Mato Grosso, atraídas pelo aumento de investimentos em centros comerciais. Esse movimento fez com que o número de redes presentes no estado saltasse de 381 (2018) para 444, um crescimento de 17%. A chegada das novas marcas fez com que o mercado de franquias abrisse 270 novas unidades, passando de 1.706 para 1.976 lojas no estado (+16%), garantindo oportunidade de empregos e renda para população.

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“As marcas estão buscando a interiorização, como vimos um crescimento grande em Cuiabá no ano passado. O sistema de franquias tem saído de grandes centros e buscado regiões como o Centro-Oeste, que cresce e desponta em suas características, como o agronegócio forte. As marcas estão vendo essas potencialidades de expansão e o poder público e privado também investem nisso”, revela Claudia Vobeto, diretora da Associação Brasileira de Franchising (ABF), no Centro-Oeste.

Mesmo vivendo um bom momento, o setor de franquias também não ficou imune aos reflexos da crise econômica global. Entretanto, o enfrentamento dos obstáculos em rede está minimizado os prejuízos.

“O sistema [franquias] tem uma característica de unificar. Uma das iniciativas da associação é a de não olhar para o shopping fechado e o fato de não ter consumo agora, mas de pensar que, quando houver a retomada também vai ser difícil, por isso as iniciativas devem ser mais amplas”, ressalta a diretora da ABF.

Algumas ações para enxugar os custos são recomendadas, como: redução de carga horária de trabalho, suspensão do contrato de trabalho, renegociação dos débitos com os shoppings, prorrogar pagamento de tributos, reestruturação do sistema de vendas, entre outros.

Para um futuro pós Covid-19, já se espera uma ressignificação do mercado de franquias, com mais uso de ferramentas tecnológicas e até surgimento de novos negócios.

“Na retomada, as empresas terão um novo normal. Trabalharemos de um jeito novo, com mais empatia e maior preocupação com a higiene e saúde. O que era para ser feito ao longo de 20 anos, está sendo acelerado, como a digitalização. A venda digital se tornou uma necessidade básica para as empresas sobreviverem. Nunca foi tão importante falar de inovação, como neste momento”, alerta Claudia.

Períodos de turbulência econômica já foram enfrentados pelo mercado de franquias no passado. Por essa razão, a crise sem precedentes causada pela doença, faz com que o setor se mantenha otimistas com o futuro.  

“As franquias têm uma capacidade natural de se reinventar e se fortalecer num cenário de crise. Não é a primeira que passamos, tivemos crises em 2008, 2015 e o sistema cresceu muito nesses momentos. Por isso, acho que para o setor de franquias teremos um cenário positivo, desde que aproveitem as oportunidades que nascem com a crise”.

 Saúde, beleza e bem-estar sofrem menos com a crise

Os impactos da Covid-19 afetaram alguns segmentos mais do que outros. As franquias voltadas para saúde, beleza e bem-estar estão entre os que tem maior potencial de manutenção e retomada das vendas durante o período de isolamento social. Hoje, o segmento conta com 348 lojas e representa 17,6% do total de franquias em Mato Grosso. A maior concentração de franquias é voltada para a alimentação (20,2%).

“Alguns setores serão mais afetados, mas acredito que no meu segmento, a médio prazo, vamos nos reestabelecer. Vendemos produtos de higiene e bem-estar e neste momento, em que as pessoas estão mais em casa, acabam consumindo mais esses produtos. Fomos afetados pela crise, mas talvez o impacto não seja tão grande como em outros segmentos”, avalia Andreia Cruz, proprietária da Provanza.

Duas dessas unidades estão instaladas dentro de shoppings da capital e, com o fechamento desses estabelecimentos, tiveram que se reinventar para manter as vendas.

“Quando você tem loja no shopping, é preciso estimular o cliente ir até a unidade fazer a compra. Com o que aconteceu, tivemos que partir para o on-line. Criamos um catálogo e estamos usando muito o WhatsApp, Instagram, Google Negócios, como ferramentas para divulgação e para falar com o cliente, e está dando certo”, conta a empresária.

A marca sofreu impacto com a mudança. Com a modificação do sistema, as vendas on-line têm suprido as necessidades básicas da empresa, mesmo vendendo apenas 30% quando comparada à loja física. “Optamos por suspender os contratos de trabalho e realizar a entrega para redução dos custos”, explica Andreia.

Ao optar pela entrega direta, sem intermediários, a proprietária aponta como vantagens economia e segurança ao cliente. “Seguimos todos os cuidados para realizar a entrega. Como o sistema de vendas on-line permite o pagamento antecipado pelo sistema ou transferência, não temos nenhum contato com o cliente. Quando entregamos, deixamos no estacionamento, na portaria. Também economizamos com entregadores, pois o aplicativo que usávamos antes teve um aumento de 8 para 10 reais na taxa de entrega”, pondera a empresária.

 

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