O movimento de trabalhadores informais que atuam via aplicativos – como Ifood, Uber Eats – realizam nesta quarta-feira (01.07) uma paralização nacional. O grupo cobra mais dignidade aos entregadores, que passaram a ser essenciais neste momento de isolamento social ocasionado pela pandemia da Covid-19.
Na pauta de reivindicação está a cobrança por direitos trabalhistas, como aumento das taxas mínimas cobradas pelas operadoras e auxílio saúde aos entregadores que se contaminarem. O movimento tem como um dos organizadores o paulistano Paulo Lima, que hoje trabalha como entregador em São Paulo.
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A reivindicação do grupo surge no momento em que a atividade ganha maior visibilidade, como explica a economista Luceni Grassi. “É uma categoria, dentre os autônomos, que cresceu estrondosamente. A demanda por entrega praticamente triplicou, cresceu na pandemia e faz parte de um mercado de trabalho que surge em meio à necessidade. São autônomos, que não têm proteção trabalhista e agora é hora de reivindicarem”, pontua.
O fluxo de entregadores cresceu durante a pandemia, mas a maioria dos que atendem demandas via aplicativos não é amparada por direitos trabalhistas. “Eles só terão acesso se pagarem por conta própria”, pondera a economista.
A cobrança por garantias trabalhistas se assemelha a direitos já garantidos por trabalhadores celetistas. Há mais de 31 anos, o então motoboy Sivaldo de Oliveira deu origem à empresa Vai e Vem em Cuiabá. A empresa conta atualmente com 80 funcionários com carteira assinada e que prestam serviços logísticos em todo o país.
“Essas plataformas ajudaram a divulgar o sistema de delivery no país, que antes era muito tímida. Abriram espaços, mas não têm a preocupação com a qualidade da prestação do serviço e suporte trabalhista”, observa Sivaldo.
Apesar de gerar emprego, os trabalhadores informais que atuam via aplicativos deverão encontrar barreiras na reivindicação por melhorias. “Percebemos o descontentamento. Mas é um modelo de negócio que foi construído para isso [gerar mais empregos, prestar serviços mais baratos], mas mudar isso no meio do caminho acho complicado”, aponta.
REIVINDICAÇÕES
Aumento do valor por km
Entregadores entendem que o lucro dos aplicativos cresceu em meio à pandemia, entretanto, nenhum reajuste foi repassado.
Aumento do valor mínimo
Os entregadores reivindicam o aumento no valor mínimo de entrega para que possa ser compensado o deslocamento de cada um deles, tanto de bicicletas quanto de motoboys.
Fim dos bloqueios por meio dos aplicativos
A categoria afirma que aplicativos rastreiam participantes de protestos e movimentos e realizam bloqueios e desligamentos da plataforma.
Seguro de roubo e acidente
A categoria pede segurança contra roubos e em casos de acidentes durante a jornada de trabalho. Auxílio-pandemia, distribuição de EPIs e licença remunerada em caso de doença.