Dollar R$ 5,66 Euro R$ 6,15
Dollar R$ 5,66 Euro R$ 6,15

Economia Sábado, 12 de Agosto de 2023, 08:00 - A | A

Sábado, 12 de Agosto de 2023, 08h:00 - A | A

APERTO NO BOLSO

Dívidas "sufocam" 86% das famílias cuiabanas, diz pesquisa

Cartão de crédito é o principal vilão do orçamento familiar

Gabriel Soares

Editor-Chefe | Estadão Mato Grosso

O endividamento das famílias em Cuiabá voltou a crescer, com um aumento de 2,5 pontos percentuais em julho na comparação ao mês anterior, atingindo o alarmante patamar de 86,2%. Isso significa que mais de 176,3 mil famílias na capital mato-grossense estão ‘enforcadas’. O cartão de crédito continua sendo o principal vilão do orçamento familiar.

A pesquisa conduzida pela Confederação Nacional de Comerciário de Bens, Serviços e Turismo (CNC), analisada pelo Instituto de Pesquisa da Fecomércio (IPF-MT), também revela que, entre os endividados, 26,8% possuem contas em atraso, um aumento de 0,1 ponto percentual em relação ao mês anterior. Além disso, 6% das famílias afirmaram que não poderão pagar suas contas, um aumento de 0,5 ponto percentual em relação ao mês anterior.

- FIQUE ATUALIZADO: Entre em nosso grupo do WhatsApp e receba informações em tempo real (clique aqui)

- FIQUE ATUALIZADO: Participe do nosso grupo no Telegram e fique sempre informado (clique aqui)

O presidente da Fecomércio-MT, José Wenceslau de Souza Júnior, alerta que o aumento na inadimplência pode estar associado à queda na geração de empregos, além de fazer soar um alerta para a economia mato-grossense.

"O aumento na inadimplência, observado desde março, pode estar ligado à queda na tendência de geração de emprego no período. Porém, no último mês de junho, foi observado um saldo considerável de novos empregos, levando a uma estabilização ou até a uma diminuição no número de contas em atraso por parte das famílias, contribuindo, assim, com a economia cuiabana", disse.

A pesquisa também revela que o cartão de crédito continua sendo a principal fonte de endividamento para 81% das famílias, seguido pelos carnês, com 29,3%. Bem atrás vêm o crédito consignado (6,1%), financiamentos de carro (4,2%) e os de casa (4,1%). Com relação ao nível de endividamento das famílias, 40,1% se consideram pouco endividados, enquanto 35,2% afirmam estar mais ou menos endividados e 10,8% estão muito endividados.

Júnior defende a necessidade de medidas de combate à inadimplência que visem a quitação de dívidas das famílias. Ele enxerga o novo programa do governo federal, Desenrola Brasil, como uma possível ferramenta para frear o aumento da inadimplência e permitir que essas famílias retomem o consumo.

"Medidas de combate à inadimplência, que visam a quitação de dívidas das famílias, podem ser uma ferramenta que favoreça a população cuiabana que se encontra nesta condição, gerando acesso ao crédito e, novamente, uma retomada no consumo na região", enfatiza o presidente.

Segundo análise do IPF-MT, a manutenção da taxa básica de juros (Selic) em patamares elevados no último ano também contribuiu para o aumento na inadimplência, uma vez que dificulta a quitação de dívidas.

A média de atraso nos pagamentos no mês de julho é de 46 dias, três dias a mais que o averiguado no mês anterior e nove dias a menos que o registrado no mesmo período do ano passado. Dentre as famílias que estão inadimplentes, 28,8% afirmam possuir mais de um ano de comprometimento com a dívida, avanço de 1,8 p.p. ante a junho. Outros 25,6% disseram ter dívidas de 3 a 6 meses, enquanto 23% têm dívidas de 6 meses a um ano.

EVOLUÇÃO EM UM ANO

Em relação ao mesmo período do ano passado, os dados revelam forte crescimento no endividamento das famílias cuiabanas. Em julho de 2022, 74% das famílias em Cuiabá estavam endividadas. Isso significa que houve aumento de 12,2 pontos percentuais no ano.

Por outro lado, a pesquisa demonstra uma que houve redução de 2,2 pontos percentuais no número de famílias que têm contas em atraso. Em 2022, 29% das famílias cuiabanas estavam nessa situação, contra 26,8% atualmente. Além disso, também houve redução no número de famílias que declararam não ter condições de pagar suas contas, na ordem de 0,9 ponto percentual em relação a julho de 2022.

ÂMBITO NACIONAL

Em âmbito nacional, o percentual de famílias brasileiras endividadas atinge 78,1%, com 12,9 milhões de famílias possuindo alguma dívida. Isso representa uma queda de 0,4 ponto percentual em relação ao mês anterior. No país, 32% das famílias afirmam estarem pouco endividadas, 27,9% se consideram mais ou menos endividados e 18,2% declaram que estão muito endividados.

search