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Economia Sexta-feira, 10 de Novembro de 2023, 07:01 - A | A

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CLIMA DESFAVORÁVEL

Atraso no plantio da soja já ameaça o calendário do milho safrinha em MT

Além disso, cotação do cereal está mais baixa

Gabriel Soares

Editor-Chefe | Estadão Mato Grosso

O clima tem causado desafios para os agricultores de Mato Grosso nesta temporada. O calor extremo e a estiagem registrados em outubro atrasaram o plantio de soja, o que deve impactar diretamente o calendário ideal de plantio do milho, o que, por sua vez, pode influenciar as tecnologias adotadas e a extensão da área plantada para o próximo ciclo agrícola. Porém, esse é apenas um dos desafios para os produtores nesta safra, conforme alerta a Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso (Fundação MT).

O IV Encontro Técnico Milho, promovido pela Fundação MT, a ser realizado nos dias 22 e 23 de novembro, no Hotel Gran Odara, em Cuiabá-MT, vai debater esse tema e outros desafios que os produtores de milho enfrentam na região.

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Além das questões climáticas, os produtores também têm que lidar com a pressão sobre as margens de produção do milho. De acordo com Jefferson Souza, analista da Agrinvest Commodities e palestrante no evento, os preços do milho no Médio Norte de Mato Grosso caíram mais de 30% em relação ao começo do ano, achatando as margens dos produtores, mesmo quando se considera a queda no custo de produção.

“O produtor de milho ainda precisa lidar com o achatamento nas margens de produção. Em fevereiro deste ano, os preços do milho no Médio Norte de MT eram negociados acima de R$ 60 por saca, mas agora as cotações estão abaixo de R$ 40”, detalha Jefferson.

O mercado de fertilizantes para o milho de segunda safra também enfrenta desafios. As aquisições para a próxima safra estão atrasadas e Mato Grosso, o maior estado produtor de milho do Brasil, adquiriu apenas cerca de 67% das necessidades para o próximo ciclo, o que representa o número mais baixo dos últimos cinco anos para o mesmo período.

“Este número é o mais baixo para o período nos últimos cinco anos. Como exemplo, na primeira quinzena de outubro do ano passado as compras para o milho ‘safrinha’ já haviam superado 80%”, aponta o especialista.

Diante desse cenário, os produtores de milho são aconselhados a considerar uma redução na tecnologia empregada na cultura e até mesmo a possibilidade de reduzir a área plantada na próxima safra, buscando equilibrar os custos e garantir resultados mais satisfatórios.

ATRASO NA SOJA

O plantio da safra de soja também se encontra no pior patamar dos últimos cinco anos. Segundo relatório do Instituto Mato-grossense de Economia Aplicada (Imea), a semeadura atingiu 83,32% na última sexta-feira, 3 de novembro, mais de 5 pontos percentuais abaixo da média dos últimos cinco anos.

Na comparação com a safra passada, 2022/23, o atraso é ainda maior, superando os 10 pontos percentuais. No começo de novembro de 2022, a semeadura da soja estava em 93,57%.

Segundo a Associação de Produtores de Soja de Mato Grosso (Aprosoja-MT), a situação é preocupante porque as chuvas ainda não se regularizaram. Devido aos problemas climáticos, alguns produtores só começaram a fazer o plantio na última semana de outubro, especialmente na região Sul do estado.

O cenário já indica um prejuízo para os produtores, comenta o vice-coordenador de Defesa Agrícola da Aprosoja, Jorge Diego Giacomelli. A questão é aguardar para saber qual a dimensão desse prejuízo.

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