A manhã nublada de segunda-feira (25) serviu de cenário para um ato de luto das quase 14 mil vítimas da covid-19 em Mato Grosso e, também, em defesa da vida. Cento e quarenta cruzes pretas adornadas com balões vermelhos foram fixadas no canteiro central da avenida Historiador Rubens de Mendonça, a Avenida do CPA, pela ONG Observatório Social. Cada cruz representa luto a cem vítimas da doença em Mato Grosso e serviram para protestar contra a corrupção na saúde pública, em plena pandemia.
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A deflagração da Operação Capistrum, que resultou no afastamento do prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), foi o estopim para a definição do ato desta segunda-feira (25).
“Esse ato é inspirado no movimento Rio de Paz, autores de atos impactantes pelo país. O ato, nesse momento em que há denúncia de corrupção na saúde pública do município, não poderia ser mais pertinente ao momento, devido à gravidade da situação”, explicou Pedro Fim, voluntário da ONG e porta voz do manifesto.
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A operação que investiga supostos casos de improbabilidade administrativa, com a participação do prefeito, resulta de uma Ação Civil Pública, do Ministério Público do Estado de Mato Grosso (MP-MT). Nesta sexta-feira (22), a crise política fez com que o prefeito em exercício, José Roberto Stopa, determinasse uma auditoria nos contratos na folha de pagamento da Secretaria Municipal de Saúde.
A instalação das 140 cruzes no canteiro começou por volta das 4h e foi concluída às 5h30, quando os organizadores foram surpreendidos por um veículo vermelho que invadiu o canteiro central e “atropelou” as peças. “Tínhamos acabado de terminar e ficamos assustados com o que vimos. É muito triste ver essa reação de ódio por uma simples manifestação para as vítimas da covid-19”, lamentou Pedro.
VÍDEO: Motorista invade canteiro central em acesso de fúria e destrói cruzes
Para os organizadores, talvez, a cor vermelha dos balões pode ser um dos motivos da revolta do motorista do veículo. “Durante a instalação fomos chamados de vagabundos e comunistas, mas o objetivo não era despertar a ira de ninguém, mas fazer com que os políticos e a sociedade fizessem uma reflexão em prol da vida e saúde. A nossa organização não é partidária e temos o direito constitucional de manifestar nossa indignação, como fizemos hoje”, ressalta Pedro. As peças do ato permanecem no canteiro até o fim do dia.
