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Cidades Terça-feira, 25 de Janeiro de 2022, 07:15 - A | A

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MONITORAMENTO

Possibilidade de rompimento de barragem em MT é mínimo, tranquiliza especialista

Brenda Closs

Estagiária | Estadão Mato Grosso

Sempre que alguma tragédia envolvendo rompimento de barragem acontece, como em Mariana (2015) e Brumadinho (2019), ambas em Minas Gerais, a população mato-grossense fica aflita com a possibilidade de o mesmo ocorrer com a Usina Hidrelétrica do Manso (100 km de Cuiabá). Cleberson Ribeiro de Jesus, professor e coordenador do laboratório de Geografia Física da Universidade Federal de Mato Grosso, explica como os órgãos fiscalizadores monitoram essas barragens e quais os riscos de possíveis rompimentos.

O doutor, que trabalha na frente morfopedológica e uso de aeronaves remotamente pilotadas (RPAs), esclarece que a estrutura como a de Manso é diferente das barragens de Brumadinho e Mariana. E que no Brasil, de forma geral, as usinas hidrelétricas são construídas com o maior nível de qualidade técnica.

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“As usinas hidrelétricas, que trabalham com água para geração de energia, não há nenhuma no estado que corra risco de se romper. Estamos falando de usinas que têm todo um estudo de riscos ecológicos, econômicos e geológicos de engenharia e no Brasil não há notícias, pelo menos recentes, sobre algum tipo de impacto ou problemas em decorrência dessas usinas hidrelétricas”, explicou.

Isso é o que diferencia as usinas hidrelétricas das barragens de mineração que, por sua vez, demandam mais cuidado e, em caso de rompimento ou erosão, há um grande volume material que não tem valor econômico agregado, em sua maioria, detritos da mineração.

Como exemplo, Cleberson citou as barragens de em Poconé (104 km de Cuiabá), e de Nossa Senhora do Livramento (40 km de Cuiabá), que são monitoradas de perto pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) e que possuem baixo risco de rompimento, mas alto nível de danos, segundo informa o Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens (SNISB).

“Nas usinas de barragem para extração mineral, por exemplo, nós temos o SNISB, criado em 2010 e possui o registro de barragens para vários tipos de fim. Houve um grande crescimento de informações devido, exclusivamente, aos impactos das tragédias de Mariana e Brumadinho”, afirmou.

O coordenador acrescenta que essa melhora fez com que Mato Grosso saltasse de 67 barragens monitoradas e em 2019, para 926 em 2022. Além disso, acredita que com mais recursos, maiores seriam os estudos e consequentemente, outras tragédias poderiam ser evitadas, ao menos em locais classificados com maiores riscos de rompimentos

“A gente tem a possibilidade de alocar mais recursos para poder viabilizar estudos com maiores riquezas de detalhes. Recursos financeiros existem aos montes. O que falta, na verdade, são projetos mais qualificados e de melhor aplicação para prever esse tipo de material, por exemplo, com base no levantamento de locais com baixo, médio e alto risco de categoria, poderiam ser destinados recursos e pessoal para essas áreas”, avaliou.

Por fim, Cleberson explicou que os órgãos competentes de Mato Grosso, como a Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros, aprenderam com as tragédias anteriores e estão preparadas caso alguma barragem ou usina hidrelétrica se rompa e possui um plano de controle para salvar a maior quantidade de vidas possíveis.

“A Defesa Civil tem um preparo muito grande para realizar com maior velocidade e recursos, salvar vidas humanas. Em 2019, por exemplo, houve um pequeno rompimento de uma barragem em Livramento e não atingiu nenhum corpo hídrico, ela foi contida rapidamente. Com base nas tragédias já citadas, planos de emergência em caso de emergência vêm sendo estudados e adotados pelo Estado”, concluiu.

Estagiária sob a supervisão da editora Cátia Alves*

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