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Cidades Sexta-feira, 10 de Dezembro de 2021, 08:00 - A | A

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SINAL DE ALERTA

Cuiabá notificou mais de oitenta casos de mão-pé-boca em crianças

Especialista orienta pais e responsáveis a isolarem crianças que apresentarem sintomas, para evitar surtos

Brenda Closs

Estagiária | Estadão Mato Grosso

Cuiabá vive um surto da doença mão-pé-boca, que atinge principalmente crianças. A Vigilância Epidemiológica recebeu 81 notificações da síndrome mão-pé-boca em Cuiabá até o dia 3 de dezembro. O número de casos pode ser maior, pois nem todos os pais ou responsáveis procuram atendimento médico quando a doença se apresenta de forma mais branda. Os casos foram identificados nas regiões Sul e Leste, mais especificamente nas Policlínicas do Coxipó e do Planalto.

A doença mão-pé-boca acomete crianças, principalmente aquelas abaixo de cinco anos. Ela é causada pelo vírus de Coxsackie, que são os mesmos vírus que produzem diarreia, vômitos, e outros sintomas gastrointestinais. É uma doença bastante contagiosa, que pode ser transmitida no contato corpo a corpo, com objetos contaminados, fezes infectadas, tosse ou espirro.

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A infectopediatra Thalita Mara de Oliveira esclarece que adultos também podem contrair o vírus, mas dificilmente irão manifestar os mesmos sintomas que as crianças.

“Pessoas que trabalham com as crianças infectadas podem adquirir o vírus através desse contato direto ao fazer a higiene delas. A transmissão pode ocorrer através da saliva também. Crianças que compartilham copos e talheres podem infectar outras assim”, explicou.

Nas crianças, a doença está associada à formação de pequenas bolinhas que se concentram nas palmas das mãos, plantas dos pés e, principalmente, em forma de úlceras e aftas dolorosas na boca, o que pode levar a rápida desidratação e problemas alimentares, por não conseguir ingerir líquidos na quantidade adequada. No entanto, cada organismo pode reagir de maneira diferente ao vírus.

“No geral a doença é benigna, é auto limitada, mas tem manifestações individuais. Cada criança pode reagir de uma forma. Umas podem ter manifestações bem leves com poucas bolinhas, pouca febre e se alimentando bem. Já outras podem ter manifestações mais severas, com muitas erupções cutâneas, inclusive infecção secundária das mesmas com o uso de antibióticos, internação por não conseguir se alimentar”, alertou.

Não há motivo para pânico entre os pais e responsáveis. Como a síndrome é proveniente de um vírus, não há necessidade do uso de antibióticos no tratamento dela. As crianças infectadas são tratadas com remédios para os sintomas e o vírus é eliminado naturalmente pelo corpo.

O uso de antibióticos deve acontecer apenas em situações especiais, quando há infecções bacterianas nas lesões de pele. “Além das erupções cutâneas, o paciente pode apresentar febre não muito alta, diarreia e vômitos. Nós tratamos com um antialérgico para o alivio da coceira, antitérmicos para febre e analgésicos para dores, além de hidratar e alimentar bem o infectado”, explicou Thalita.

PREVENÇÃO

A infectopediatra destaca que cabe aos pais, responsáveis e professores ficarem vigilantes para evitar que a doença se espalhe. Caso alguma criança apresente febre ou manifestações cutâneas, ela deve ser afastada do convívio com outras crianças por uma semana, para quebrar o ciclo de transmissão, já que se trata de uma doença com alta transmissibilidade. A criança só deve retornar ao grupo quando as erupções cutâneas (as bolinhas na pele) criam uma espécie de ‘casquinha’.

Além disso, a especialista orienta que as escolas e creches mantenham as medidas de higienes adequadas, para que não ocorra a contaminação em massa dessas crianças.

“É importante manter as medidas de higiene mais adequadas possíveis, lavar as mãos com frequência, sempre após usar o banheiro, no caso de quem faz a higiene dessas crianças. E claro, manter superfícies, objetos, utensílios e brinquedos limpos e desinfectados”.
Essas mesmas orientações foram encaminhadas, por meio de nota técnica, à Secretaria de Educação de Cuiabá, para que repasse às unidades escolares da capital. O trabalho foi feito através de uma parceria com o Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (CIEVS) e a Secretária Municipal de Saúde.

A infectopediatra, que também é mãe, reitera que é importante as famílias terem consciência ao identificar a doença mão-pé-boca em seus filhos e que fazer o isolamento para evitar que a doença se espalhe.

“Essa consciência do afastamento é muito importante. Um exemplo é aqui comigo. Vejo muitas crianças doentes no parquinho, cheias de bolinhas. As famílias tem que ter essa consciência. A doença pode ser benigna no meu filho, mas em outra criança pode ser mais severa”, concluiu.

* Estagiária sob a supervisão da editora Cátia Alves
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