Jane Patrícia Lima Claro aguarda há quatro anos por um desfecho para a morte de seu filho, o jovem Rodrigo Claro, durante o treinamento do 16º curso de formação de soldados do Corpo de Bombeiros. Rodrigo morreu no decorrer de uma exaustiva pressão em aula ministrada pela tenente Izadora Ledur de Souza Dechamps.
O sofrimento de Jane está longe de acabar, mas ela aguarda ansiosa para que a tenente Ledur seja punida.
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Em entrevista ao Estadão Mato Grosso, Jane disse que um de seus maiores desejos é que a Justiça seja imparcial no próximo dia 27 de janeiro, data da audiência de julgamento de Ledur.
“Tenho certeza que é um desejo meu de mãe, da família e de toda sociedade de bem do estado de Mato Grosso e de vários outros estados brasileiros, que vêm acompanhando esse caso desde o início”, disse a mãe de Rodrigo.
Ao saber da data da audiência, Jane usou as redes sociais para desabafar sobre o caso, que já se arrasta há quatro anos na Justiça. Ela escreveu que esses anos foram de tortura para a sua família, mas acredita que agora finalmente terá a resposta que tanto aguarda.
Em conversa com a nossa reportagem, a genitora de Rodrigo disse que nenhuma punição vai amenizar o sofrimento dela como mãe, mas ainda assim ela espera ver Ledur condenada e perdendo a farda de bombeiro. Ela lembrou ainda outras pessoas que teriam sido vítimas de tratamento desumano durante os treinamentos, como o jovem Maurício, que abandonou o curso quando viu que poderia morrer.
“Não tem uma punição a ela neste mundo que vá amenizar ao menos um pouquinho do meu sofrimento de mãe, mas ela sendo condenada, perdendo a farda, perdendo o direito que foi dado a ela pelo Comando dos Bombeiros de fazer o que quiser, de torturar, humilhar, bater e levar à morte um jovem que só queria salvar vidas. Irei me sentir com o dever de mãe cumprido, por ter lutado 4 anos, chorando lágrimas de sangue dia e noite por todo mal que Ledur causou”, acrescentou.
Tenente alega inocência
Durante as várias audiências que aconteceram ao longo desse tempo, Ledur disse que não cometeu nenhum crime e não foi responsável pela morte de Rodrigo Claro. Chorando, a tenente chegou a dizer que o aluno tinha descontrole emocional e que isso dificultava a sua formação no curso.
Desde o ocorrido, Izadora tem trabalhado no Comando Geral do Corpo de Bombeiros, no setor administrativo, e já teve sua promoção para o cargo de capitã recusada sete vezes. Neste período, a militar também apresentou diversos atestados médicos, com problemas psicológicos e depressão.
O caso
No dia 10 de novembro de 2016, Rodrigo e outros alunos do curso de formação participaram de uma aula aquática na Lagoa Trevisan. Rodrigo já estava exausto do treinamento, mas ainda recebeu “caldos” (situação em que a pessoa é submersa na água e tenta se livrar de um afogamento) de Ledur.
O aluno começou a passar mal e pedia que a instrutora Ledur parasse com os caldos, mas ela teria continuado com a prática. Com uma forte dor de cabeça e exausto, Rodrigo foi liberado da aula para procurar ajuda médica sozinho.
Rodrigo foi sozinho até o Batalhão do Corpo de Bombeiros no bairro Verdão, de onde foi encaminhado à Policlínica do Verdão. A família de Rodrigo só foi comunicada do ocorrido após o o primeiro atendimento na policlínica.
O jovem então foi transferido para um hospital particular da capital, onde acabou não resistindo e morreu no dia 15 de novembro. No laudo sobre a morte de Rodrigo constava que o jovem sofreu uma hemorragia cerebral.