A Guarda Municipal de Santa Bárbara d'Oeste (SP) prendeu neste domingo (18) uma pessoa suspeita de participar da morte de Jonas Lucas Alves Dias, de 55 anos, ganhador de R$ 47,1 milhões na Mega-Sena em 2020. Trata-se da segunda prisão relacionada ao crime, que ocorreu em Hortolândia.
A presa é uma mulher de 24 anos identificada pela Polícia Civil como Rebeca. A Guarda Municipal de Santa Bárbara informou que ela foi levada para a Deic de Piracicaba (SP), delegacia que concentra as investigações do caso.
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No sábado, foi preso Rogério Spínola, de 48 anos. Ele negou participação ao chegar na delegacia. Segundo a Polícia Civil, outros dois homens seguem foragidos.
O g1 não conseguiu contato com a defesa de Rebeca e Rogério.
A delegada que investiga o caso, Juliana Ricci, afirmou no sábado Jonas Lucas foi vítima de "extrema violência". Durante o período em que ficou sob poder dos criminosos, cerca de R$ 20 mil foram retirados de suas contas e houve uma tentativa de transferência de R$ 3 milhões, sem sucesso.
Jonas foi raptado depois de sair para caminhar na terça (13), sendo abandonado às margens do km 104 da Rodovia dos Bandeirantes (SP-348), em Hortolândia (SP), próximo da alça de acesso da SP-101.
Ele foi socorrido e apresentava sinais de espancamento. Chegou a ser levado ao hospital, mas morreu. Segundo a investigação, tudo indica que o grupo tinha conhecimento da situação financeira de Jonas Lucas, mas ele não os conhecia.
Saques e transferência
Em coletiva de imprensa na tarde de sábado, a delegada Juliana Ricci, da Deic de Piracicaba (SP), informou que a vítima foi rendida em um local próximo à sua casa, por volta das 6h30 do dia 12 de setembro, e levada em uma caminhonete modelo S-10 prata que era dirigida por um rapaz de 22 anos, com passagens pela polícia por estelionato, receptação e que deixou o sistema prisional em setembro de 2021.
Outro veículo utilizado na ação é um Fiesta preto que era dirigido por um homem de 38 anos, sem antecedentes criminais.
Em seguida, a vítima foi levada até uma agência bancária localizada em Campinas (SP) onde, com o cartão de banca da vítima e senha, os criminosos habilitaram um aplicativo de telefone, por meio do qual conseguiram realizar dois saques no valor de R$ 1 mil e uma transferência no valor de R$ 18,6 mil para a conta de um terceiro investigado, que tem 24 anos.
Durante as investigações, a polícia conseguiu imagens do momento que a vítima é abordada e da agência bancária onde um dos criminosos entra para realizar saque com cartão da vítima.
Os suspeitos
O suspeito preso neste sábado chama-se Rogério Spínola, de 48 anos, e tem uma série de passagens pela polícia por crimes como roubo, furto, homicídio, estelionato e lesão corporal.
Segundo a delegada, o homem cumpriu 15 anos de prisão e saiu da penitenciária em dezembro do ano passado. A prisão deste sábado ocorreu em Santa Bárbara d'Oeste e, segundo a polícia, ele nega participação no crime.
Os outros três suspeitos, dois homens e uma mulher, também são de Santa Bárbara d'Oeste e mandados de prisão temporária contra eles foram emitidos pela Justiça. Os dois homens seguem foragidos.
Neste sábado, também foram cumpridos mandados de busca e apreensão em endereços de dois dos investigados, que estavam com os dois veículos utilizados no crime.
Segundo a Polícia Civil, as investigações prosseguem com análise de provas colhidas nessas ações e novas quebras de sigilos bancários e telefônicos.
Prêmio motivou o crime
Antes da prisão, Polícia Civil já havia afirmado que a morte de Jonas Lucas foi motivada pelo prêmio de R$ 47,1 milhões da Mega-Sena.
Segundo a delegada Juliana Ricci, uma tentativa de saque de R$ 3 milhões foi feita via aplicativo de mensagens.
O crime
Jonas foi abandonado às margens do km 104 da Rodovia dos Bandeirantes (SP-348), em Hortolândia (SP), próximo da alça de acesso da SP-101. Ele foi socorrido e apresentava sinais de espancamento. Chegou a ser levado ao hospital, mas morreu.
A advogada da família relatou à polícia que a vítima havia levado apenas carteira e documentos para a caminhada. Ao final do dia, como não foi mais possível contatá-lo, familiares registraram ocorrência de desaparecimento na delegacia eletrônica.
Depois de ser encontrado, o homem foi socorrido pelo resgate da concessionária Autoban ao Hospital Mário Covas, mas não resistiu.
O médico da unidade que atendeu Jonas Lucas atestou traumatismo cranioencefálico como causa da morte. A Polícia Civil tenta descobrir como e quando foi a abordagem, além de quantas pessoas estão envolvidas.
O corpo de Jonas foi enterrado na sexta-feira (16). Um ônibus foi disponibilizado para levar amigos e vizinhos ao enterro. O sepultamento ocorreu no Cemitério da Saudade, em Sumaré (SP).
'Era simples'
Vizinho do milionário da Mega-Sena, o aposentado João Batista Alves contou que muita gente nem acreditava que Jonas tinha ganhado a bolada em razão de como ele levava uma vida simples.
"Era igual a gente, pessoa simples, que andava de chinelo, tranquilo, sempre passava aqui, sempre atencioso com a gente. A polícia tem que encontrar [o assasssino], de qualquer maneira", disse.
Quem conhecia Jonas Lucas há décadas garante que ele não mudou nada com o prêmio milionário recebido.
"Eu fui muito comprar com ele quando trabalhava no depósito. [Após o prêmio] era a mesma pessoa, não mudou nada, continuou como se nada tivesse acontecido", lembra Luiz.