O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, afirmou em entrevista ao jornal O Globo publicada nesta sexta-feira (27) que diversos membros e interlocutores do governo Jair Bolsonaro tinham, em suas casas, propostas similares à "minuta do golpe" encontrada pela Polícia Federal na casa do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Anderson Torres.
Ainda segundo o político, ele mesmo recebeu várias dessas sugestões – mas tomou o "cuidado" de triturar os papéis.
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O PL é o partido do presidente Jair Bolsonaro. Após o segundo turno, a sigla foi multada em R$ 22,9 milhões pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ao tentar questionar, sem qualquer prova, o resultado das eleições presidenciais.
Costa Neto foi perguntado pelo jornal O Globo sobre o documento apreendido na casa de Anderson Torres que sugeria a decretação de um "estado de defesa" no TSE para alterar o resultado eleitoral que a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva sobre Bolsonaro, que tentava a reeleição.
"Ele [Bolsonaro] nunca falou nesses assuntos comigo. Um dia eu falei: 'Tudo que temos que fazer tem que ser dentro da lei.' Ele falou: 'Tem que ser dentro das quatro linhas da Constituição'. Nunca comentei, mas recebi várias propostas, que vinham pelos Correios, que recebi em evento político", disse Costa Neto em um trecho da resposta.
"Tinha gente que colocava (o papel) no meu bolso, dizendo que era como tirar o Lula do governo. Advogados me mandavam como fazer utilizando o artigo 142, mas tudo fora da lei. Tive o cuidado de triturar. Vi que não tinha condições, e o Bolsonaro não quis fazer nada fora da lei", prossegue o presidente do PL.
Valdemar Costa Neto afirma que a pressão sobre Bolsonaro foi uma "barbaridade", e que interlocutores achavam que ele "podia dar o golpe".
"Ele não fez isso porque não viu maneira de fazer. Agora, vão prendê-lo por causa disso? Aquela proposta que tinha na casa do ministro da Justiça, isso tinha na casa de todo mundo. Muita gente chegou para mim agora e falou: 'Pô, você sabe que eu tinha um papel parecido com aquele lá em casa. Imagina se pegam'", disse o político ao Globo.
O presidente do PL foi questionado novamente por O Globo se esses documentos circulavam dentro do governo. E respondeu que sim.
"Direto. Teve advogada que veio conversar comigo dizendo que tinha uma saída. Eu dizia: 'Põe no papel e manda para cá'. E eu não dava bola, porque eu sabia que não tinha. E o Bolsonaro não fez. O pessoal queria que ele fizesse errado", disse o político ao jornal.