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Brasil Segunda-feira, 14 de Outubro de 2024, 08:33 - A | A

Segunda-feira, 14 de Outubro de 2024, 08h:33 - A | A

ÓRGÃOS COM HIV

Polícia prende sócio de laboratório e um dos responsáveis por laudos errados

g1

A Polícia Civil do Rio de Janeiro iniciou nesta segunda-feira (14) a Operação Verum, para tentar prender quatro investigados no caso dos transplantes de órgãos infectados pelo HIV. Seis pessoas que estavam na fila do transplante da Secretaria Estadual de Saúde do RJ receberam órgãos infectados pelo vírus de dois doadores e agora testaram positivo para o HIV.

Até a última atualização desta reportagem, dois homens tinham sido presos. Um deles é sócio do PCS Lab Saleme, apontado pelo governo do RJ como responsável pelo erro que causou as infecções. Walter Vieira é médico ginecologista e responsável técnico do laboratório. Ele assinou um dos laudos com o falso negativo e é tio do deputado federal Dr. Luizinho (PP), que foi secretário de Saúde do RJ.

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O segundo preso é Ivanilson Fernandes dos Santos, apontado como um dos responsáveis pelo laudo.

Os alvos dos mandados de prisão são investigados por:

crime contra as relações de consumo;
associação criminosa;
falsidade ideológica;
falsificação de documento particular
infração sanitária.

Os advogados que representam o laboratório PSC Lab Saleme informaram que os sócios da empresa "prestarão todos os esclarecimentos à Justiça".

Agentes da Delegacia do Consumidor (Decon) também começaram a cumprir nesta segunda-feira 11 mandados de busca e apreensão, expedidos pelo Plantão Judiciário do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.

A sede do PCS Lab Saleme, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, teve de ser arrombada pelos policiais. O local estava interditado desde a semana passada.

Laudos falsificados por grupo criminoso

“As investigações indicam que os laudos, falsificados por um grupo criminoso, foram utilizados pelas equipes médicas, induzindo-as ao erro, o que levou à infecção dos pacientes. Um dos pacientes veio a falecer, com as causas da morte ainda sob investigação”, disse a Polícia Civil.

A polícia investiga se o PCS Lab Saleme falsificou laudos em outros casos além dos transplantes — a unidade atendia outras 10 unidades de saúde estadual.

“Diversas diligências complementares estão sendo realizadas para identificar toda a cadeia de profissionais envolvidos nesse esquema criminoso, e todos serão prontamente responsabilizados na medida da sua respectiva culpabilidade”, detalhou a Decon.

O que diz o laboratório

“A defesa de Walter e Mateus Vieira, sócios do PCS Lab Saleme, repudia com veemência a suposta existência de um esquema criminoso para forjar laudos dentro do laboratório, uma empresa que atua no mercado há mais de 50 anos. Ambos prestarão todos os esclarecimentos à Justiça.”

Entenda o escândalo
 
Seis pessoas que estavam na fila do transplante da Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ) receberam órgãos infectados pelo HIV de 2 doadores e agora testaram positivo para o vírus.

Segundo o governo do estado, o erro foi em 2 exames do PCS Lab Saleme, que liberou órgãos de 2 doadores que tinham HIV para a fila dos transplantes:

Em janeiro, a família de um homem autorizou a remoção do coração, dos rins, das córneas e do fígado. O receptor do coração e as 2 pessoas que receberam 1 rim cada testaram positivo. Quem ganhou a córnea não foi infectado, e o destinatário do fígado morreu logo após a cirurgia.

Em maio, parentes de uma mulher doaram o fígado e os rins, e os 3 receptores testaram positivo.

A unidade privada foi contratada pela SES-RJ em dezembro do ano passado, em um processo de licitação via pregão eletrônico no valor de R$ 11 milhões, para fazer a sorologia de órgãos doados.

O caso veio à tona na última sexta-feira (11). Desde então, o g1 publicou as seguintes reportagens:

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