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Brasil Quarta-feira, 16 de Fevereiro de 2022, 21:00 - A | A

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INQUÉRITO CONCLUÍDO

Polícia conclui que psicóloga tirou a própria vida e tentou forjar crime

g1

A Polícia Civil concluiu que a psicóloga Marilda Matias Ferreira dos Santos, 37 anos, encontrada morta pelo marido amarrada dentro do porta-malas de um carro em agosto do ano passado em Pouso Alegre (MG), tirou a própria vida e tentou simular um homicídio.

Segundo a polícia, a causa da morte foi por asfixia e intoxicação, depois dela ter se trancado no porta-malas do veículo. O inquérito foi encerrado e será arquivado junto à Justiça.

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O corpo foi encontrado na manhã do dia 22 de agosto de 2021. Ela estava dentro do carro com as mãos amarradas, de forma frouxa e simples. A psicóloga vestia roupas de ciclista.

A perícia não identificou qualquer sinal de violência, e a chave do carro estava junto ao corpo. A casa também não apresentava sinais de arrombamento e nem faltava qualquer objeto.

Investigação x passeio de bicicleta

Conforme a polícia, o fato tornou-se complexo porque, de acordo com os sinais, a psicóloga Marilda Matias Ferreira dos Santos buscou simular outra situação que explicasse sua morte.

Ela despistou o marido e amigos com informações, como um passeio de bicicleta que faria e que estava na rua e havia sido assediada por estranhos. Os levantamentos comprovaram que ela não havia saído de casa.

Os registros de chegada e localização do marido foram confirmados por câmeras de segurança do bairro, radar da rodovia e pela localização do celular.

Além disso, a psicóloga havia desmarcado a consulta de uma paciente da semana dizendo que iria viajar para Bauru, em São Paulo, no fim de semana.

Nos registros de mensagens enviadas, Marilda havia falado com seu marido informando a satisfação por ter estacionado o carro de ré, pela primeira vez, e estava saindo para pedalar com uma bicicleta emprestada. De acordo com ela iria para Borda da Mata com uma Speed.

Ainda de acordo com a polícia, também foram analisados os cadernos, anotações e agendas de Marilda encontradas na casa, o que pode apontar para predisposição para o suicídio e claros sinais de depressão.

Por fim, o laudo de necropsia comprovou ausência de lesão ou sinal, até mesmo de perfuração de agulha, e os laudos complementares encontraram 14,6 dg/l de álcool e um medicamento barbitúrico, com propriedades sedativas e anticonvulsivantes que atua diretamente no sistema nervoso central.

"Todos esses contextos permitiram concluir que ela praticou suicídio, montou esse cenário e algumas fantasias para demonstrar que seria um crime, porque ela não tinha essa coragem de praticar o suicídio perante pacientes e à sociedade, então ela queria ocultar e demonstrar que faleceu por homicídio, mas de maneira alguma tentou incriminar o próprio marido. A Justiça já manifestou pelo arquivamento do caso", disse o delegado Rodrigo Bartoli em entrevista coletiva.

Em janeiro do mesmo ano, segundo a polícia, a vítima já havia tentado suicídio, de acordo com registros médicos, mas foi encontrada a tempo pelo marido.

Relembre o caso
O corpo de Marilda estava dentro do porta-malas do carro dela, no bairro Fátima II, em Pouso Alegre (MG). O marido encontrou a psicóloga dentro da garagem da própria casa. Na ocasião, um perito concluiu que a casa não tinha sinais de arrombamento.

Marilda tinha pés e mãos amarradas e vestia roupa e capacete de ciclista, mas sem sinais de violência. O corpo de Marilda foi enterrado em Bauru (SP), sua cidade natal e onde mora a família.

No inquérito aberto para investigar o caso, o marido de Marilda disse em depoimento à polícia que estava trabalhando no sábado (21 de agosto), em uma fazenda que fica em Careaçu, quando recebeu a mensagem da esposa dizendo que faria um passeio de bicicleta.

Ainda segundo ele, ao chegar em casa, por volta de 16h, não a encontrou. Ele disse que achou que ela ainda não havia voltado do passeio.

Horas depois, como a mulher não havia aparecido, o marido disse que passou a procurá-la no hospital e na delegacia.

No dia seguinte, manhã de domingo, ele decidiu procurar dentro do carro. Foi aí que encontrou a esposa no porta-malas e chamou a polícia. Ele foi ouvido e liberado e seu celular foi entregue para a polícia.

A Polícia Civil também ouviu os depoimentos de pessoas próximas à psicóloga.

No dia 30 de agosto, mais de uma semana após o corpo ser encontrado, o delegado Renato Gavião destacou que ainda não era possível falar em “homicídio ou suicídio” de Marilda.

“A vítima foi localizada sem nenhum sinal de violência, nenhum sinal de arranhão, nenhum sinal de injeção ou qualquer coisa do tipo. A Polícia Civil, hoje, trabalha com todas as hipóteses, então nós não podemos falar em crime de homicídio, não podemos falar em suicídio, até a conclusão da investigação”, disse o delegado.

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