Dollar R$ 5,66 Euro R$ 6,11
Dollar R$ 5,66 Euro R$ 6,11

Brasil Quinta-feira, 14 de Setembro de 2023, 17:31 - A | A

Quinta-feira, 14 de Setembro de 2023, 17h:31 - A | A

DECISÃO HISTÓRICA

Juiz condena Uber em R$ 1 bilhão e manda registrar todos os motoristas

Segundo o magistrado, empresa montou seu negócio de forma a burlar a legislação trabalhista

Da Redação

Redação | Estadão Mato Grosso

O juiz Maurício Pereira Simões, da 4ª Vara do Trabalho de São Paulo, condenou a Uber ao pagamento de R$ 1 bilhão por danos morais coletivos e estabeleceu a obrigação de registrar os motoristas da empresa como funcionários com carteira assinada. A sentença resulta de uma ação civil pública movida pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) em resposta a denúncias da Associação dos Motoristas Autônomos de Aplicativos (AMAA).

No centro dessa disputa está a alegação do MPT de que há, de fato, um vínculo empregatício entre a Uber e seus motoristas, uma afirmação que o juiz Simões respaldou integralmente em sua decisão.

- FIQUE ATUALIZADO: Entre em nosso grupo do WhatsApp e receba informações em tempo real (clique aqui)

- FIQUE ATUALIZADO: Participe do nosso grupo no Telegram e fique sempre informado (clique aqui)

A ação detalha condições de trabalho desfavoráveis que muitos motoristas de aplicativos enfrentam, incluindo longas jornadas e baixos rendimentos. A decisão destaca que a Uber deve ser responsabilizada tanto por suas ações quanto por suas omissões nesse contexto.

O juiz argumentou que a empresa agiu com dolo ao planejar suas operações para contornar a legislação trabalhista, previdenciária e de saúde. Ele enfatizou que a Uber não simplesmente negligenciou suas obrigações, mas, de fato, orquestrou suas operações de forma a evitar o cumprimento das leis trabalhistas e negar os direitos mínimos aos trabalhadores.

A sentença também observou que as ações da Uber vão além das questões de trabalho e têm implicações que afetam a sociedade em vários níveis, incluindo questões concorrenciais, segurança pública, segurança no trânsito e assistência social.

O juiz declarou que as condutas da Uber atentam contra a dignidade dos trabalhadores, expondo-os a situações humilhantes e constrangedoras. Ele argumentou que as relações de emprego, mesmo sob a perspectiva do poder diretivo, não podem ultrapassar os limites do razoável. Enfatizou ainda que a dignidade da pessoa humana e o valor social do trabalho são fundamentais e devem ser respeitados em todos os contratos de trabalho.

A decisão inclui não apenas a multa de R$ 1 bilhão por danos morais coletivos, mas também a obrigação de registrar todos os motoristas como funcionários com carteira assinada. Além disso, estabelece uma multa diária de R$ 10 mil para cada motorista não registrado e um prazo de seis meses para a empresa cumprir a decisão, com um escalonamento para verificar o cumprimento gradual da obrigação. A Uber também terá que destinar 90% da multa bilionária ao Fundo de Amparo ao Trabalhador, com os 10% restantes indo para associações de motoristas por aplicativos.

Em resposta ao site Jota, a Uber declarou que vai recorrer da decisão, citando insegurança jurídica devido a outras decisões conflitantes em casos semelhantes envolvendo empresas de aplicativos. A empresa afirmou que "não vai adotar nenhuma das medidas elencadas na sentença antes que todos os recursos cabíveis sejam esgotados".

 *Com informações do site JOTA. Clique aqui para ler a reportagem

search