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Agronegócio Segunda-feira, 17 de Junho de 2024, 15:24 - A | A

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DO CAMPO À NOTÍCIA

Tinta à base de óleo de soja contribui para a sustentabilidade nas impressões de jornais e revistas

Além de ecológico, o produto consegue ser mais barato que o convêncional

Bruna Cardoso

Repórter | Estadão Mato Grosso

Versátil, a soja é utilizada muito além das indústrias alimentícias. O grão é usado nas indústrias farmacêuticas, ração para animais e até para a produção de tintas de impressão ecológicas. Com tantas vantagens, o produto é produzido em grande escala em Mato Grosso, consagrando o estado com um dos maiores produtores. No ciclo 2022/23, o estado colheu 45,316 milhões de toneladas do grão. De toda essa quantidade, Mato grosso exportou 27,22 milhões de toneladas de janeiro a outubro de 2023. 

A leguminosa também é a mais sustentável no mercado por facilitar o processo de reciclagem. Por conta disso, a tinta à base do óleo de soja para a impressão de revistas, livros e jornais ficou famosa por ser mais ecológica e ter vantagens econômicas. O uso do óleo da soja em indústrias gráficas iniciou em 1987 nos Estados Unidos pela Newspaper Association of America (Associação Americana de Jornais). 

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Normalmente, as tintas são fabricadas com o petróleo, o que as tornam prejudiciais ao meio ambiente por não ser um produto com fonte renovável. Já a tinta de óleo vegetal vem de uma fonte renovável e ecológica. A tinta também é mais fácil de ser retirada do papel nos centros de reciclagens, já que não prejudica as fibras do material, resultando em um papel de boa qualidade e mais limpo.

Além das vantagens ecológicas da tinta, o que contribui para que o produto seja ainda mais sustentável desde a “germinação” é a dedicação dos produtores rurais, como Carlinhos Rodrigues, que produz soja e milho há 11 anos em Paranatinga. Ele explicou que além de seguir o Código Florestal para plantar, também participa do grupo Guardiões das Águas.

Nos últimos cinco anos, o projeto Guardiões das Águas, em parceria com a Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja-MT) e o Instituto Ação Verde, identificaram 102 mil nascentes nos municípios de Mato Grosso, com 95% em bom estado de preservação. Carlinhos explicou que participa do projeto para garantir o futuro das próximas gerações.

“Para nós, não nos gera sacrifício e nem desgaste cuidar, como todas elas estão dentro de áreas preservadas, as nascentes estão totalmente preservadas, então para nós, é com simplicidade e com orgulho que a gente preserva”, disse.

Desde o início do plantio, Carlinhos conta que o Código Florestal já estava em vigor, então sempre seguiu com os padrões ecológicos exigidos no estado. Ele compreende que as ações de hoje refletem o futuro.

“Sem dúvida, o futuro das próprias gerações que estão por vir, tanto a minha quanto de outras, a necessidade da preservação, a necessidade da produção, tudo é necessário, mas a gente sabe que se interferir muito, amanhã e depois podem colher frutos não desejáveis”, explicou.

Movimentação econômica

Uma pesquisa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) mostra que há uma estimativa de que 50 milhões de litros de óleo de soja são utilizados para a produção de tinta no mundo. E produtores como Carlinhos contribuem para esse número aumente, pois Mato Grosso é o maior produtor do grão do mundo, contribuindo com 30% de toda a exportação global.

A tinta à base de óleo de soja consegue ser mais econômica para o comprador final por utilizar menos pigmento na composição. E para além, na fabricação não é preciso utilizar equipamentos que controlem a emissão de poluentes, como no petróleo. Desta forma o produto consegue ser mais barato que a tinta convencional.

O grão plantado pelo produto no interior de Mato Grosso consegue movimentar muitas indústrias, garantir o emprego de milhares de pessoa e garante 21,45% do Produto Interno Bruto (PIB) de Mato Grosso. O processo tem início na produção com a preparação do produtor e com a mão de obra de moradores locais, atravessa o Brasil com o transporte, passa pelas refinarias e só depois vai para as indústrias.

No final de todo esse caminho que contribui para a economia do país, estão as gráficas dos jornais e revistas impressas com a tinta ecológica. No final dos caminhos da soja está o leitor que todos os dias recebe o jornal em casa, inclusive o próprio produtor rural que recebe o grão transformado. Todo o processo nos mostra quanto o produto consegue ser ecológico e contribuir para a movimentação do país através das notícias. 

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