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Saúde e Bem Estar Quinta-feira, 22 de Agosto de 2024, 14:45 - A | A

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ESPECIALISTA ALERTA

Sistema de Saúde deve se preparar para enfrentar uma epidemia de jogos patológicos

Assessoria de Imprensa

O Brasil se consolidou como líder mundial em apostas on-line, com impressionantes 3,19 bilhões de acessos, representando 22,78% do total de acessos globais. Esse cenário acende um alerta sobre possível epidemia de vício em jogos on-line, especialmente com a previsão de regulamentação das apostas até 2025. O prognóstico pode se agravar, impactando a renda familiar e levando ao aumento significativo dos casos de depressão e ansiedade entre jogadores patológicos.

O professor de Psiquiatria do Centro Universitário São Camilo, Alfredo Simonetti, destaca que a dependência em jogos de apostas, sejam eles on-line ou não, é um distúrbio comportamental grave.

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A patologia é caracterizada pela incapacidade de o indivíduo resistir à compulsão por jogar, mesmo diante de perdas financeiras, problemas nos relacionamentos e queda no desempenho profissional ou acadêmico. Simonetti enfatiza a importância da criação de políticas públicas voltadas à educação e conscientização da população sobre os riscos dessa dependência para a saúde mental, financeira e pessoal.

"O dependente de jogos on-line precisa de apoio e tratamento, assim como aqueles que apostam em cassinos, corridas de cavalos ou até em aplicações de alto risco no mercado financeiro", explica o professor. Ele descreve o fenômeno como motivado pela liberação de adrenalina e dopamina no cérebro, substâncias que proporcionam sensação de bem-estar e euforia.

Diversos fatores psicológicos e sociais contribuem para o vício em jogos on-line. A busca por reconhecimento, a necessidade de escapar de problemas cotidianos e a sensação de realização ao completar desafios no jogo são alguns dos motivos que levam as pessoas a se envolver nesse comportamento. Simonetti se refere a esses indivíduos como "Caçadores de Emoções", que encontram prazer em situações de risco, quando é possível ganhar ou perder.

Outro aspecto preocupante, segundo o professor, é o fenômeno da abstinência. Assim como em outros vícios, os dependentes de jogos enfrentam uma série de reações físicas e emocionais durante o processo de interrupção do hábito, como má alimentação, sedentarismo, ansiedade e depressão. "Identificamos um dependente quando ele organiza sua vida em função do jogo", alerta Simonetti, ressaltando que as consequências do vício se estendem a todas as áreas da vida, afetando as relações interpessoais, a produtividade profissional e até o desempenho acadêmico.

Simonetti defende a preparação dos profissionais de Saúde para lidar com essa nova realidade, propondo a abordagem multifacetada que inclua educação, prevenção e tratamento. "Os gestores da área de Saúde precisam focar na formação de uma estrutura capaz de minimizar os impactos negativos e promover o uso saudável e equilibrado dos jogos", conclui.

O Brasil está atualmente em processo de discussão sobre a regulamentação das empresas de jogos de azar e apostas, incluindo as populares apostas esportivas, conhecidas como bets, e os caça-níqueis, como o jogo Fortune Tiger ou Jogo do Tigrinho. No entanto, o debate tem se concentrado principalmente nos aspectos financeiros e fiscais, como arrecadação de impostos e exploração comercial das plataformas, deixando em segundo plano a capacidade do País de lidar com o aumento do vício em jogos. Dados recentes do Ministério da Saúde revelam que, entre 2018 e 2023, o número de pessoas atendidas por jogo patológico no SUS aumentou de 108 para 1,2 mil, embora especialistas alertem para a possível subnotificação desses casos.

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