A cena parecia improvável, mas aconteceu. Arqui-inimigos políticos, Emanuel Pinheiro (MDB) e Abílio Brunini (PL) subiram ao palco do Teatro Zulmira Canavarros na noite desta quarta-feira, 1º de janeiro, para a tradicional cerimônia de passagem de faixa, do antigo prefeito de Cuiabá para o novo. Ato simbólico da democracia, a cena teve até um aperto de mão entre os dois, que horas antes estavam trocando farpas através da imprensa devido ao atraso no pagamento da folha salarial de dezembro.
"Abílio, a partir do momento em que você foi eleito pela maioria expressiva da população cuiabana, você é o nosso prefeito, você é o meu prefeito a partir de agora. Que Deus te abençoe", disse o emedebista.
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Apesar do histórico de desavenças que remonta ao primeiro mandato de Emanuel como prefeito, quando Abílio atuava como vereador e fazia oposição ferrenha, a cerimônia transcorreu de forma respeitosa. Os dois apertaram as mãos, mas as tensões acumuladas ao longo dos anos ficaram evidentes nos discursos e olhares. Abílio se recusou a sorrir e fitou profundamente o antecessor nos olhos durante o aperto de mãos.
A rivalidade entre Emanuel e Abílio ganhou força em 2020, quando ambos disputaram a Prefeitura de Cuiabá. Na ocasião, o emedebista venceu com uma apertada diferença de votos (51,15% contra 48,85%), garantindo a reeleição. Porém, o pleito foi marcado por duros ataques de um político contra o outro. Desde então, os ataques públicos e acusações mútuas se tornaram mais frequentes.
Durante seu segundo mandato, Emanuel enfrentou uma série de escândalos, especialmente na área da Saúde. Abílio, que era deputado federal, capitalizou a insatisfação popular com a gestão do rival e construiu sua campanha com o lema de "reestruturar a Saúde" e "varrer a corrupção" de Cuiabá.
Após vencer as eleições, Abílio já declarou publicamente que irá apurar possíveis irregularidades cometidas nos oito anos de administração de Emanuel e fez várias acusações contra o gestor. Nos últimos dias, Abílio chegou a anunciar que pediria à Justiça que bloqueasse as contas da Prefeitura, mas voltou atrás por temer que a situação lhe causasse problemas no início de mandato.
O gesto simbólico da democracia foi cumprido, mas o embate político entre os dois parece estar longe de terminar.
