Após ser citado pelo presidente Jair Bolsonaro como um possível candidato ao governo de São Paulo, o ministro Tarcísio de Freitas, da Infraestrutura, admitiu pela primeira vez que poderá disputar um cargo político nas eleições de 2022. Só que não entre os paulistas. Ele pensa em aproveitar sua popularidade entre representantes do agronegócio para disputar uma vaga no Senado Federal, por Mato Grosso ou Goiás. A revelação foi feita durante entrevista ao Estadão/Broadcast.
"Vou caminhar junto com o presidente. Não sei se exatamente num governo de Estado, não sei se exatamente em São Paulo. De repente no Parlamento, de repente em Goiás. Por exemplo, por que não o Senado em Goiás?", disse o ministro, afirmando que Mato Grosso também é uma alternativa.
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Carioca radicado em Brasília, Tarcísio não tem ligações com Mato Grosso ou Goiás. Seu único elo com Mato Grosso e Goiás é a atuação como ministro.
Considerado um dos melhores ministros da atual gestão, Tarcísio tem marcado presença nas viagens de Bolsonaro pelo país. Inclusive, ele esteve ao lado do presidente nos carros de som que serviram de palanque durante as manifestações de 7 de setembro, tanto em Brasília quanto em São Paulo. Há meses tem sido colocado pelo presidente como uma opção para disputar o governo de São Paulo, mas ele próprio tem outros planos.
Encarregado da Infraestrutura, Tarcísio foi responsável por cumprir algumas das promessas de campanha de Bolsonaro e resolveu problemas antigos que causavam transtornos para o agronegócio. Em Mato Grosso, por exemplo, o ministro concluiu o asfaltamento da BR-163 entre Mato Grosso e o Pará, um problema que levou mais de quatro décadas para ser resolvido. Nos próximos dias, dará a ordem para início das obras na Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (Fico), cujos trilhos chegarão à cidade de Água Boa, na região do Araguaia. Além disso, ele tenta tirar do papel a Ferrogrão, outro sonho dos mato-grossenses que já aguarda mais de uma década para ser materializado.
Além disso, a candidatura de Tarcísio ao Senado buscaria garantir uma base de apoio mais sólida ao presidente. Ao contrário da Câmara, onde Bolsonaro tem a maioria, o Senado Federal tem adotado uma postura de independência e submeteu o governo a sucessivas derrotas nos últimos tempos.
“Adoraria ver isso tudo ser concretizado lá na frente. Então me parece ser uma alternativa interessante. Mas sempre na lógica: o que ajuda mais o presidente, onde a gente tem que estar para caminhar junto do presidente? Quais são as melhores combinações de palanque em cada um dos Estados? É essa a melhor combinação que nós temos que buscar", disse Tarcísio.
Caso se confirme a candidatura por Mato Grosso, Tarcísio pode ser uma dor de cabeça para o senador Wellington Fagundes (PL), que deve buscar a reeleição no pleito de 2022. Também compromete a articulação de José Medeiros (Podemos), que sonha em ser o candidato de Bolsonaro para o Senado desde o pleito suplementar para reocupar a vaga aberta com a cassação de Selma Arruda.
