Os alvos da operação Ragnatela, deflagrada pela Polícia Federal (PF) na quarta-feira (5), reclamaram em conversas de WhatsApp sobre uma operação da Secretaria de Ordem Pública (Sorp) contra o “Baile Carreta Treme-Treme”, realizado na Acrimat, no dia 4 de junho de 2022. Eles chegaram a criticar o prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) pela falta de liberação de alvarás para a realização do evento, que teria sido organizado pelo Comando Vermelho (CV), segundo a Polícia.
Os suspeitos disseram que um fiscal de nome G.S., "um cabeludo", estaria querendo apreender a carreta de som por determinação de uma promotora de Justiça.
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Confira trecho da conversa:
JARDEL: Quem fudeu foi um tal de G.S, fiscal cabeludinho.
ADERIR: Cara, então, e esses caras velho esses caras é concursado e tá nem aí pra... não tem como fazer nada eles tá nem aí, metem ficha mesmo.
JARDEL: O prefeito ligou pro cara, pra não fazer nada e o cara nem atendeu, pagou de louco...você bota fé?
ADERIR: Aahh, aham, eu sei disso, eu sei, eles infelizmente nem o prefeito consegue resolver esse trem aí. Isso que, isso que, isso que corta o coração da gente, porque a gente tá toda hora lá na Câmara, com os vereadores, com deputado, na Assembleia, você é da base do prefeito.
PREFEITO, entendeu? Aí, aí isso que parte o coração, porque a gente faz de tudo pros caras, chega na hora nem os caras conseguem resolver. É foda mano... Isso que parte o coração.
JARDEL: Porque, a gente vai ter que chegar, nem que for no Governador, vou marcar com um deputado uma reunião, porque isso daí atinge o Estado, o Governador tem mais influência no Estado do que município, município não tá (ininteligível), Emanuel que é um bosta, a promotora mandou... manda agora no trem entendeu, ele tá com medo dela, a verdade é essa também, entendeu?".
Além de Emanuel, o grupo tentou falar com os vereadores Marcus Britto (PV) e Paulo Henrique (PV) para que pressionassem o então secretário do Meio Ambiente, Renivaldo Nascimento (PSDB), a assinar o alvará para a realização do evento.
Em uma outra conversa, o produtor de shows da boate Dallas, Rodrigo Leal, criticou os políticos, afirmando que eles não estavam ajudando o grupo criminoso a resolver pendências de licenças na Prefeitura de Cuiabá.
"LEAL vou falar a verdade pra você, esse negócio de Emanuelzinho, Emanuel, ninguém está ajudando nós porra nenhuma, a verdade é essa. Tá só empurrando com a barriga passando nó na nossa boca, entendeu? A verdade é bem essa. Quem está ajudando nós aí é Paulo, é Alfredo Granja (adjunto da Sorp). Acho que o doutor Vinícius aí que está correndo", diz trecho de conversa.
Jardel, que recebeu a reclamação de Leal, era assessor parlamentar do vereador Paulo Henrique, apontado pela PF como articulador político do grupo criminoso. Jardel foi exonerado da Câmara de Cuiabá.
Nota à Imprensa
-O prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro, esclarece que recebe milhares de demandas e pedidos diariamente. O diálogo e o atendimento público são inerentes à função pública.
-Caso seja necessário, está à disposição para colaborar com os procedimentos investigatórios.