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Polícia Sexta-feira, 10 de Novembro de 2023, 01:13 - A | A

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HERMES II

PF alega que empresários tinham intermediários para compras

Mineradores de MT são suspeitos de comprar 5 toneladas de mercúrio ilegal

Da Redação

Redação | Estadão Mato Grosso

As investigações feitas pela Polícia Federal no âmbito da segunda fase da Operação Hermes, deflagrada na manhã de quarta-feira (8), apontam que os dois maiores mineradores do Estado eram os principais compradores de mercúrio irregular comercializado por Arnoldo Veggi, líder da organização criminosa que comercializava ilegalmente o produto. Os agentes apontam inclusive, de acordo com a decisão da juíza Raquel Coelho Dal Rio Silveira, da Primeira Vara Federal de Campinas, que Valdinei Mauro de Souza e Filadelfo dos Reis Dias negociavam, através de intermediários, a aquisição de um grande volume do material junto ao esquema.

Uma planilha feita pela Polícia Federal revela 45 compradores supostamente de cinco toneladas de mercúrio ilegal em dois anos. Alguns não foram alvos de nenhuma medida durante a operação realizada na terça-feira. A segunda fase da Operação Hermes HG, deflagrada pela Polícia Federal na quarta-feira (8), detalha a atuação de uma organização criminosa que envolvia a comercialização de mercúrio ilegal que teria ocasionado um prejuízo aos cofres públicos do Governo  Federal de mais de R$ 5 bilhões. Segundo o inquérito, um dos principais compradores de mercúrio ilegal seria Valdinei Mauro de Souza, o "Rei do Ouro", seu genro Ronny Moraes Costa, além da Salinas Gold Mineração Ltda.

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Ele já havia sido um dos alvos da primeira fase da operação, mas obteve um habeas corpus e as apreensões feitas àquela ocasião não foram consideradas. Valdinei teria adquirido mercúrio do grupo investigado através de Edemil Antônio de Pinho, conhecido como 'Edemil Poconé', funcionário da Salinas Gold e apontado como principal intermediador do empresário.

Ele teria negociado, junto a Arnoldo Veggi, a aquisição de aproximadamente 345 quilos de mercúrio ilegal. Os destinatários seriam Valdinei, a Salinas Gold e Ronny, em operações que somaram quase R$ 340 mil. Os pagamentos teriam sido realizados através de contas bancárias de Valdinei, identificando-se boletos e transferências pelas contas da empresa e de seu genro. As investigações apontaram ainda que em agosto de 2021, o "Rei do Ouro" adquiriu 90 quilos de mercúrio com emissão de notas fiscais sem a incidência de tributos, com base de cálculo de ICMS, valores de ICMS e IPI zerados.

"Ao negociarem uma garrafa de mercúrio para Valdinei, em 22 de setembro de 2021, afirma a autoridade policial que a venda foi realizada sem nota fiscal e, ao conversarem sobre o transporte, Edemil teria dito para Arnoldo "que o motorista é experiente e já trouxe várias vezes mercúrio para eles, mais ainda, afirma que a camionete irá de madrugada, carregada de outras mercadorias e que pensa em colocar junto com a mercadoria uma nota fiscal fria"; que houve outras negociações posteriores, com emissão de boletos em nome de Valdinei, bem como outra compra, de 50 kg de mercúrio, realizada em fevereiro de 2022, em que os boletos e as notas fiscais foram divididos entre Salinas, Valdinei e Ronny", diz trecho da decisão.

A investigação detalhou ainda que durante uma conversa, Arnoldo mandou um áudio para Willian Leite Rondon, onde menciona os grandes compradores de mercúrio, dentre os quais, Valdinei estaria inserido. Na conversa, o líder da organização criminosa classifica o empresário como um 'garimpeiro pesado', que tem três mineradoras, e que faz aquisições com e sem notas fiscais através de Edemil. "Conclui a autoridade policial com um organograma de algumas empresas vinculadas a Valdinei e assevera: estamos diante de uma organização criminosa altamente lucrativa (faturamento na casa dos bilhões de reais) que tem por escopo apenas a extração do ouro sem nehhuma preocupação ambiental. A empresa liderada por Valdinei paga 72 mil reais "apenas" para ter um "papel", ou seja, sem entrega de nenhum produto.

Parece teratológica a situação se não fosse trágico tamanha ousadia/confiança para compra de um produto altamente tóxico e poluidor", detalha a decisão. Outro grande comprador de mercúrio ilegal, segundo as investigações, seria Filadelfo dos Reis Dias, tendo como representante seu sobrinho, Brenner Ramos Dias, nas negociações junto a Arnoldo Veggi. Em um dos pagamentos feitos relativos a aquisições do produto, foi utilizada a empresa B G Mining, que tem como um dos sócios Tiago da Silva Gomes, que chegou a receber auxilio emergencial durante a pandemia de Covid-19.


500 QUILOS
De acordo com a decisão, Filadelfo dos Reis
Dias lidera o Grupo Dias e é alvo de mais de 10 investigações na Polícia Federal. Em um diálogo interceptado pelos agentes, Brenner Ramos Dias negocia com Arnoldo e envia um comprovante de R$ 30,5 mil, em nome de Wendel Soares Dias.

O envio de mercúrio era praticamente mensal e foram feitas vendas sem notas fiscais, o que de acordo com os policiais, pode ter gerado uma comercialização ilegal de mais de 500 quilos do produto, tendo até sido apontado um suposto desperdício por parte do empresário.
"A autoridade policial relata, ainda, que Moises
Germano, em conversa com Arnoldo, teria afirmado que os garimpas de Filadelfo desperdiçam muito mercúrio em suas atividades, ao passo que Arnoldo teria dito que as empresas deste consomem aproximadamente uma botija de mercúrio por mês, sem nota fiscal", aponta a decisão.

listas de nomes compradores de mercurio hermes II.jpg

 

 

 
 
 
 
 
 
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