O inquérito policial da Operação Gota D’Água, que investiga um esquema de corrupção no Departamento de Água e Esgoto de Várzea Grande (DAE-VG), contesta a versão do prefeito Kalil Baracat (MD), sobre a origem da denúncia que resultou na investigação. À época da operação, Kalil afirmou ter sido responsável por denunciar o esquema, mas o documento policial aponta que a investigação foi iniciada após uma denúncia anônima.
Kalil declarou, em nota à imprensa, que a denúncia foi feita em fevereiro de 2024 pelo presidente do DAE, Carlos Alberto Simões de Arruda, atendendo a um pedido seu.
- FIQUE ATUALIZADO: Entre em nosso grupo do WhatsApp e receba informações em tempo real (clique aqui)
- FIQUE ATUALIZADO: Participe do nosso grupo no Telegram e fique sempre informado (clique aqui)
“A denúncia que originou a operação foi encaminhada à DECCOR [Delegacia Especializada de Combate à Corrupção] pelo presidente do DAE, por determinação do prefeito, no dia 22 de fevereiro, logo após ele tomar conhecimento das supostas irregularidades”, dizia a nota divulgada à imprensa.
No entanto, o relatório da polícia esclarece que o processo começou com uma denúncia anônima, sem ligação direta com o presidente do DAE.
“Primeiramente foi recebida uma denúncia anônima acerca dos fatos, indicando suposta prática de fraudes, bem como os servidores que, em tese, estariam envolvidos. A denúncia anônima foi corroborada por diligências cautelosas materializadas no Relatório Técnico, que foram conduzidas pelo Núcleo de Inteligência da DECCOR”, afirma o relatório.
Após a confirmação das informações, a DECCOR identificou inconsistências no sistema do DAE, especialmente em processos de transferência de débitos, o que levou à deflagração da operação na última sexta-feira, 20 de setembro. Além das fraudes, a investigação revelou que os funcionários do DAE criavam problemas no fornecimento de água para poder cobrar propina da população.
A OPERAÇÃO
A Operação Gota D'Água foi deflagrada pela Deccor da Polícia Civil nesta manhã de sexta-feira e resultou na prisão do diretor comercial do DAE e do vereador Pablo Pereira (União Brasil). Ambos foram apontados como supostos líderes da prática criminosa.
O esquema consistia no desvio de recursos públicos do DAE por meio de duas práticas. Em uma delas, o grupo recebia propina para excluir ou reduzir débitos de consumidores em dívida com o departamento.
Já a segunda se tratava de se recusar a prestar serviços básicos de saneamento previstos em contrato à população. Assim, deixando os moradores sem acesso à água para forçá-los a pagar propina para conseguir ter água na torneira.
As investigações apontam que somente no ano de 2019, o grupo desviou R$ 11,3 milhões.