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Polícia Quinta-feira, 26 de Setembro de 2024, 11:53 - A | A

Quinta-feira, 26 de Setembro de 2024, 11h:53 - A | A

OPERAÇÃO GOTA D"ÁGUA

Afilhado de vereador intimidou denunciantes do esquema no DAE em festa da OAB

Bruna Cardoso

Repórter | Estadão Mato Grosso

O “afilhado” do vereador Pablo Pereira (União), Alex Sandro de Proença, que atuava na diretoria comercial do Departamento de Água e Esgoto de Várzea Grande (DAE-VG), teria intimidado um cliente que não quis pagar propina pelo serviço e o denunciou. Ele teria cobrado R$ 7 mil de Alyander Bielik Rubio para fazer uma ligação de água. Indignado com a cobrança, o cliente foi intimidado em uma festa junina da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-VG). O cliente disse em depoimento que “teme pela vida”. A Operação Gota D’Água foi deflagrada no último dia 20 de setembro e teve como alvo um esquema milionário que deixava moradores de Várzea Grande sem água.

Alex foi exonerado no início de 2024 após a denúncia do cliente para o amigo Renan Domingues Barros, procurador-Chefe do DAE. Além disso, os superiores de Alexsandro descobriram que ele teria inserido informações falsas no sistema do trabalho.

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“Alex Sandro De Proença, que integrava o grupo criminoso na Diretoria Comercial do DAE/VG até maio de 2024 inseriu, pelo menos por duas vezes, no dia 31 de janeiro de 2024, informação falsa no Sistema GSAN, dando conta de inverídico erro de processamento de contas de água referentes a duas unidades consumidores. Além disso, com anuência e aquiescência de Alessandro Macaúbas Leite De Campos, cobrou R$ 7.000,00 (sete mil reais) de propina para realização de ligação de água no imóvel de Alyander Bielik Rubio”, apontou documento.

O cliente Alyander abriu um pedido no DAE para que os servidores pudessem conectar a casa dela a uma rede de água, com a demora no atendimento ele conversou com o ex-diretor que cobrou propina de R$ 7 mil pelo serviço.

Indignado com o valor cobrado, Alyander comentou com os colegas, que também trabalhavam no DAE, sobre o absurdo do valor cobrado. Com isso, a “fofoca” chegou em Alex Sandro, que passou a mandar recados sobre ele estar bravo com os dois.

“Em ocasião posterior, Alyander novamente encontrou Baru [colega de Alex Sandro] no Toca do Embaúval Bar e Mercearia (no Centro Norte de Várzea Grande), e este relatou ao depoente que “o pessoal do Comercial do DAE” (se referindo a Alessandro) estava bravo com o depoente e com Renan por terem denunciado a questão da cobrança de R$ 7.000,00 (sete mil reais) pelo serviço de extensão de rede”, apontou as investigações.

Após a denúncia, segundo os documentos da investigação, o afilhado do vereador foi exonerado do cargo, o que o deixou mais furioso com os denunciantes. Com isso ele disse que “se encontrasse o Renan na rua iria pegar ele”. Após ser exonerado, Alex Sandro foi acolhido pelo padrinho e nomeado assessor do vereador. Alguns meses depois, na festa junina da OAB-VG, Alex encontrou com Aylander e o intimidou com tom ameaçador.

“Alyander ainda acrescentou que, em 05 de julho de 2024, estava na Festa Junina da OAB de Várzea Grande com Renan e outros amigos, quando Alex Sandro o intimidou, pois, com o dedo apontado para o depoente e em tom ameaçador, disse: "nós temos que conversar””, disse.

Por fim, o cliente que fez a denúncia contou que teme pela vida por ter denunciado o esquema criminoso. Ele enviou uma mensagem no telefone da Delegacia Especializada de Combate à Corrupção (Deccor), no qual havia recebido a intimação, e disse: “Não sei o desenrolar das investigações, mas reitero que temo por minha segurança”. 

SOBRE A OPERAÇÃO

A Delegacia Especializada de Combate à Corrupção (Deccor), da Polícia Civil de Mato Grosso, deflagrou na última sexta-feira (20.09), a Operação Gota d’Água para desarticular uma organização criminosa instalada na Diretoria Comercial do DAE, que resultou na prisão do vereador Pablo Pereira (União Brasil) e outros servidores públicos. 

O grupo criminoso que praticava corrupção DAE teria gerado um prejuízo de R$ 11 milhões aos cofres públicos. Os envolvidos no esquema tratavam as proprinas recebidas pelo nome de "Pocotó".

Foram cumpridos na operação 123 mandados judiciais, expedidos pelo Juízo do Núcleo de Inquéritos Policiais de Cuiabá (Nipo), entre prisões preventivas, busca e apreensão, suspensão de função pública, sequestro de bens e bloqueio de valores e medidas cautelares diversas.

Entre as ordens judiciais estão 25 mandados de busca e apreensão domiciliar e pessoal em endereços vinculados a 22 pessoas investigadas.

No total foram decretadas 11 prisões preventivas e 18 ordens de suspensão do exercício da função pública. Estão sendo afastados das funções 15 servidores da Diretoria Comercial do DAE; um servidor da Câmara de Vereadores do município; um funcionário de uma empresa terceirizada que presta serviços na Diretoria Comercial do DAE. Um vereador de Várzea Grande teve a prisão decretada e determinação de afastamento do mandato parlamentar.

Também foram determinadas cinco medidas cautelares diversas contra 11 investigados (dentre os quais, sete são servidores da Diretoria Comercial do DAE e um é ex-servidor do mesmo setor). As principais são: proibição de manterem contato entre si e com os demais investigados; acessar os prédios e dependências do DAE e de manterem contato e se aproximarem das testemunhas

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