O futebol é a maior expressão política do mundo moderno. Cresci neste meio e vejo as mesmas jogadas de bastidores a cada pedido de campanha e de voto, seja nas escolhas para OAB ou da Câmara Municipal. Estamos a poucos dias destas eleições e a grande questão que muitos evitam encarar por comodidade e interesse particular é: Quem entre os candidatos está preparado para liderar sem se corromper e sem sucumbir às brigas internas institucionais?
Não é segredo que as disputas por poder, tanto na OAB quanto na prefeitura, são marcadas por rivalidades que muitas vezes comprometem a eficiência e a objetividade.
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Muitos candidatos apresentam-se como "solucionadores de problemas", mas a realidade que observei em diversos eventos e reuniões é que boa parte está mais focada em manobras políticas do que em buscar soluções reais para os desafios que enfrentamos.
As falhas em seus discursos tornam-se evidentes quando vemos várias promessas, mas pouca clareza sobre como alcançar esses objetivos, especialmente em um ambiente onde as brigas internas corroem a confiança e a capacidade de liderança.
Devemos nos perguntar se esses embates estão sendo conduzidos em benefício da sociedade ou apenas para fortalecer egos e interesses particulares.
Essa reflexão resume bem o cenário que estamos prestes a enfrentar nas eleições. Assim como no futebol, a política está repleta de conflitos internos e rivalidades, que enfraquecem as instituições em vez de fortalecê-las.
O conceito do "líder relutante" - segundo Laura Empson (Cass Business School de Londres) e Johan Alvehus (Lund University da Suécia) no artigo “Reluctante Leaders and Autonomous Followers – tem 03 características: Excelência profissional, facilidade na delegação e astúcia política. Ou seja, o líder relutante, embora relute em aceitar o poder, quando o desempenha, executa de forma apolítica, inspirando os colegas. Assim, como dito no estudo, as pessoas aceitam em geral incondicionalmente as decisões de um líder que não é visto como movido por ambição pessoal.
E nada expressa isso de modo melhor que liderar pelo bem comum, àquele que é definido após diálogo, reflexão, planejamento e pessoas capacitadas para executar.
Entretanto tal ideal, parece cada vez mais distante de certos candidatos. Isso se reflete na forma como usam o lobismo – que poderia ser uma ferramenta legítima de influência positiva – para manobras pessoais e articulações políticas que beneficiam apenas pequenos grupos.
Os constantes confrontos e divisões internas revelam uma falta de foco naquilo que realmente importa: o bem comum e a melhoria das condições de trabalho e gestão pública.
No futebol, o técnico que evita o destaque, mas lidera com estratégia, é frequentemente o mais bem-sucedido. O mesmo se aplica à política: precisamos de líderes que saibam comandar com segurança e responsabilidade. Entretanto, muitos candidatos enredam pelo roteiro do “estrelismo”, mais preocupados com suas próprias carreiras do que em entregar resultados para o coletivo. Esses líderes deixam de lado o fortalecimento das instituições, como a OAB e as câmaras municipais, para alimentar suas ambições pessoais. As disputas de bastidores não favorecem o bem comum; elas apenas fortalecem pequenas alianças que, no fim, enfraquecem a confiança e a eficiência das instituições.
Assim como no futebol, onde brigas de vestiário comprometem o desempenho do time, as divisões entre lideranças políticas enfraquecem a OAB e a câmara municipal. Como podemos esperar que essas instituições sejam fortes e atuantes, se seus líderes estão mais preocupados com rivalidades pessoais do que com a sociedade?
Como podemos exigir resultados e progresso social se aqueles que assumem cargos de liderança não conseguem alinhar seus interesses em prol de objetivos coletivos? Esse contexto reforça a urgência de promover espaços de diálogo e unidade, onde as diferenças possam ser superadas em nome do bem-estar da população.
As disputas internas são como rachaduras que corroem a estrutura das instituições, tornando-as incapazes de responder às demandas da população.
Diante desse cenário, surge uma questão fundamental: Estamos prontos para exercer nosso direito de voto com consciência e responsabilidade? Como no futebol, onde os bastidores muitas vezes decidem o futuro de um time, as eleições são uma escolha entre
líderes que jogam para o time e aqueles que jogam sozinhos. A escolha de nossos representantes é mais do que uma simples votação, é uma decisão que molda o futuro das instituições. É crucial que os eleitores avaliem não somente as promessas dos candidatos, mas também sua disposição para trabalhar em conjunto e fortalecer as estruturas que representam.
A relação entre futebol e política, revela verdades universais sobre liderança, união e responsabilidade. À medida que nos aproximamos das eleições, é imperativo que a análise crítica sobre nosso cenário político se amplie. O futuro da política depende de nosso compromisso em escolher líderes que joguem em equipe e que estejam dispostos a construir um novo caminho para a nossa sociedade.
Vamos escolher líderes que perpetuam a velha politicagem ou aqueles que têm a coragem de se posicionar acima das rivalidades e de lutar pelo bem comum?
*RAFAEL CAMPOS é bacharel em Direito, sócio-proprietário da BDL Sports, empresa de intermediação de atletas, negócios desportivos e do entretenimento