O jogo de faz-de-conta é uma atividade de grande complexidade, é uma atividade lúdica que desencadeia o uso da imaginação criadora, pela impossibilidade de satisfação imediata de desejos por parte da criança. É uma atividade que enriquece a identidade da criança, porque ela experimenta outra forma de ser e de pensar; amplia suas concepções sobre as coisas e as pessoas, porque a faz desempenhar vários papéis sociais ao representar diferentes personagens.
A atividade lúdica é assim reconhecida como meio de fornecer à criança um ambiente agradável, motivador, planejado e enriquecido, que possibilita a aprendizagem de várias habilidades, sendo que além de trabalhar estas habilidades na criança, ajudará no desenvolvimento da criatividade, na inteligência verbal linguística, coordenação motora e outras.
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Quando se ensina uma criança de forma mais dinâmica, busca-se cada vez mais o seu interesse em querer aprender, pois os jogos e as brincadeiras são somente uma maneira de ensino diferente do que acostumados a ver. Nota-se o quanto o lúdico é fundamental na educação infantil, sendo que tem como objetivo buscar um meio de aprendizagem prazeroso para a criança, ao mesmo tempo em que facilita o trabalho do educador, pois, através dos jogos, pode ser feita facilmente uma investigação do modo de pensar das crianças, para ajudá-los a compreender o mundo que nos cerca e superar as dificuldades.
A criança, pelo jogo faz-de-conta, pode reviver situações que lhe causam excitação, alegria, medo, tristeza, raiva e ansiedade. O fato de a criança, desde muito cedo, poder se comunicar por meio de gestos, sons e mais tarde representar determinado papel na brincadeira faz com que ela desenvolva sua imaginação.
O faz-de-conta é uma atividade importante para o desenvolvimento cognitivo da criança, pois exercita no plano da imaginação, a capacidade de planejar, imaginar situações lúdicas, os seus conteúdos e as regras inerentes a cada situação. Para este autor, “a situação imaginária de qualquer forma de brinquedo já contém regras de comportamento, embora possa não ser um jogo com regras formais estabelecidas a priori.
A criança imagina-se como mãe da boneca e a boneca como criança e, dessa forma, deve obedecer às regras do comportamento maternal” (VYGOTSKY, 1998, p.124). O jogo simbólico ou faz-de-conta é ferramenta para a criação da fantasia, autonomia, a criatividade a exploração de significados e sentidos. Esta atividade atua, também sobre a capacidade da criança de imaginar e representar, articular com as formas de expressão.
São os jogos, ainda, instrumentos para aprendizagem de regras sociais. A fantasia e a imaginação são elementos fundamentais para que a criança aprenda mais sobre as pessoas, sobre o eu e sobre o outro, levando em consideração que o jogo simbólico permite à criança vivências do mundo adulto e isto possibilita a meditação entre o real e o imaginário. Ao brincar de faz-de-conta, as crianças buscam imitar, imaginar, representar e comunicar de uma forma específica que uma coisa pode ser outra, que uma pessoa pode ser uma personagem, que uma criança pode ser um objeto ou um animal, que um lugar “faz-de-conta” que é outro.
Para a criança, a brincadeira gira em torno da espontaneidade e da imaginação. Não depende de regras, de formas rigidamente estruturadas. Para surgir basta uma bola, um espaço para correr ou um risco no chão (VELASCO, 1996). Pelas brincadeiras, as crianças vivenciam concretamente a elaboração e negociação de regras de convivência assim como a elaboração de um sistema de representação dos diversos sentimentos, das emoções e das construções humanas. Isso pode ocorrer porque a motivação da brincadeira é sempre individual e depende dos recursos emocionais de cada criança que são compartilhados em situações de interação social.
Daiane Cristina da Silva e Vânia Silveira de Souza são professoras Pedagogas da Rede Municipal de Educação de Rondonópolis,