O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é uma condição neurobiológica que geralmente se inicia na infância, de causa multifatorial e com influência genética, que acompanha o indivíduo ao longo da vida, impactando não apenas a pessoa acometida, mas a sua família e a própria sociedade. Em suas formas diversas de apresentação clínica, o TDAH se caracteriza por um conjunto de sintomas clássicos de desatenção, hiperatividade e impulsividade, contudo, em níveis exacerbados, afetando negativamente o desempenho, e tornando-se um problema de saúde pública e socioeconômico.
As mulheres enfrentam barreiras adicionais no diagnóstico do transtorno, que geralmente ocorre de forma tardia em comparação aos homens, e em sua maioria somente quando apresentam quadros graves. Isso ocorre devido aos preconceitos sociais que levam a má interpretação das apresentações clínicas do TDAH nelas. Por apresentar em sua vasta maioria o TDHA na forma de desatenção, seus sintomas passam por vezes despercebidos, pois não causam transtornos sociais como os da hiperatividade-impulsividade, e, portanto, muitas nem chegam a ser avaliadas, levando a uma estatística subestimada dos casos.
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Sem diagnóstico e sem o tratamento efetivo, geralmente desenvolvem comorbidades como ansiedade e depressão, que contribuem para baixa autoestima, dificuldades em relacionamentos (lutando para manter amizades o que leva a sentimentos de rejeição e isolamento social).
Um programa de doutoramento em terapia de família, desenvolvido na universidade Loma Linda nos Estados Unidos, elaborado pela psicóloga e pesquisadora Wilhana Zaghetto Shetty, visa contribuir na atenção em saúde mental dedicada ao TDAH feminino de uma forma preventiva, intervindo em meninas com TDAH em idade escolar. O programa se baseia em atividades que oferecem psico-educacao com o objetivo de tratar o viés de gênero, fomentar um ambiente inclusivo e capacitar por meio da autoestima e de uma perspectiva de neurodiversidade.
Por meio de grupos de apoio, terapia familiar e atividades de autoadvocacia, o programa oferece um espaço seguro para meninas compartilharem suas experiências, vocalizando suas histórias de maneira inclusiva enquanto desenvolvem habilidades sociais e reforçam os laços de amizade. Segundo a pesquisa o atraso no diagnóstico do TDHA devido a construção estereótipos sociais, tem levado a menor autoestima, aumento de comorbidades e baixo desempenho no ambiente profissional e acadêmico, tornando essas mulheres em uma minoria social que sofre em silêncio.
*WILLER ZAGHETTO é médico pela UFMT e atua como perito oficial médico legista