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Opinião Sábado, 04 de Dezembro de 2021, 06:00 - A | A

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EDITORIAL - 04/11/2021

Andando de lado

Da Editoria

Editoria | Estadão Mato Grosso

Com dois tombos seguidos no PIB durante os últimos dois trimestres, a economia brasileira confirmou recessão técnica após se recuperar parcialmente da crise causada pela pandemia de covid-19. Em vez da recuperação em V prevista pelo ministro da Economia Paulo Guedes, o que se viu foi um sinal de raiz quadrada, cujo resultado o trabalhador conhece muito bem e sofre na pele: a perda de seu poder de compra. O resultado desastroso da política econômica brasileira reacendeu o debate sobre a estagflação e lançou incertezas e desconfianças entre empresários e investidores.

Curiosamente, no mesmo dia em que o resultado negativo foi anunciado, o ministro Paulo Guedes afirmou que a economia brasileira “está decolando de novo”. Para isso, no entanto, não usou dados sobre a geração de riquezas, mas sim sobre a arrecadação de impostos federais. Esses, sim, estão decolando, impulsionados pela inflação descontrolada.

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Em outubro, a arrecadação de impostos, contribuições e demais receitas federais atingiu R$ 178,7 bilhões. Foi o melhor resultado para o período em cinco anos. Na parcial do ano, já soma R$ 1,592 trilhão, outro recorde histórico. Enquanto isso, os trabalhadores juntam os trocados na fila do mercado para tentar pagar um carrinho de compra que está cada vez menos abastecido.

Pior ainda, o mau desempenho da economia coloca em xeque os esforços para evitar uma crise ainda maior. Se continuar a subir a taxa básica de juros na tentativa de conter a escalada da inflação, o Banco Central corre o risco de empurrar o País para uma crise ainda mais profunda, já que o encarecimento do crédito dificulta os investimentos e reduz a atividade econômica. A dosimetria do remédio para a doença fica cada vez mais complicada nesses tempos de desarranjo econômico.

Economistas preveem que o quarto trimestre de 2021 apresentará resultado semelhante ao terceiro. Ou seja, será mais um período em que o país ‘andou de lado’. E ao que tudo indica, a estagnação pode se estender por todo o ano de 2022. Ao menos é o que preveem os analistas de mercado, que já apontam crescimento zero no próximo ano. E não faltam indicativos para tal. A renda dos trabalhadores segue diminuindo, solapando toda sua capacidade de consumir e, assim, movimentar a economia brasileira.

Ao menos Mato Grosso continua a ser um oásis em meio ao desastre brasileiro, o que nos dá um fio de esperança. Só o tempo poderá nos dizer se conseguiremos sustentar o peso que é carregar a economia nacional nas costas.

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