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Opinião Sexta-feira, 06 de Agosto de 2021, 05:00 - A | A

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EDITORIAL - 06/08/2021

A ferrovia do Araguaia

Da Editoria

Editoria | Estadão Mato Grosso

Aguardada há mais de uma década, a expansão dos trilhos da Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (Fico) até Mato Grosso já tem data para começar. Marque o dia 9 de setembro na agenda, a data em que terá início uma verdadeira revolução logística para a região do Vale do Araguaia, tida como a nova fronteira agrícola de Mato Grosso.

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O processo para a construção da Fico é um dos três previstos para ocorrer no estado e aquele que se encontra em estágio mais avançado, pois já possui licença de instalação. A obra é considerada de grande complexidade e será tocada pela Vale, que deveria investir R$ 2,73 bilhões para a construção dos 373 quilômetros de trilhos que irão ligar Água Boa, em Mato Grosso, ao município de Mara Rosa, em Goiás. Por causar menos impactos ambientais pode ser finalizada dentro de cinco anos, além de haver pouca perspectiva de atrasos, já que o traçado da Fico não atravessa áreas indígenas ou terras disputadas.

Quando concluída, a Fico permitira que os produtores da região do Araguaia escoem suas safras com mais facilidade, por meio da ligação com a Ferrovia Norte-Sul, a espinha dorsal do sistema ferroviário brasileiro. Dentro de cinco anos teremos dois corredores de exportação para a safra mato-grossense, um para Itaqui (MA) e outro que desce para Santos (SP).

A importância econômica dessa obra é difícil de mensurar, mas sabe-se que é enorme. O Vale do Araguaia é uma região que se fortaleceu na pecuária extensiva e tem vastas áreas de pastagem abertas há décadas, que estão se convertendo em lavoura. Justamente por isso, a região se tornou a nova fronteira logística do estado, devido à capacidade de conversão de áreas degradadas em lavouras. A estimativa é que o Araguaia consiga produzir cerca de 30 milhões de toneladas de grãos nos próximos cinco a dez anos, sem precisar desmatar qualquer trecho novo.

Temos, então, duas ferrovias garantidas. Agora, as atenções se voltam para a Ferrogrão, que ligará o Nortão – principal região produtiva do estado – aos portos do Arco Norte. Aqui o buraco é mais embaixo. O traçado da Ferrogrão atravessa áreas de reserva ambiental e terras indígenas, o que demandará uma boa dose de negociação para que o projeto saia do papel. Para isso, é preciso que o governo federal deixe a soberba de lado e inicie o diálogo com as lideranças indígenas da região. A experiência nos mostra que, quando há boa vontade política, é possível até tirar leite de pedra.

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