O juiz Francisco Alexandre Ferreira Mendes Neto, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, condenou o produtor rural Rafael Ravagani a 10 anos de reclusão, com regime inicial fechado, pelos crimes de associação para o tráfico e tráfico de drogas na capital. Ele foi alvo da Operação Maximus, deflagrada pela Polícia Civil no ano passado e confessou o crime à Justiça. A decisão é da última terça-feira, 17 de dezembro.
Além da prisão, Rafael também foi condenado ao pagamento de 1.400 dias-multa, fixado ao valor de 1/30 do salário mínimo à época do crime. Como o crime foi desarticulado no ano passado, a multa chega ao montante de R$ 60,7 mil.
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“Isto posto e por tudo mais que dos autos consta, com as fundamentações necessárias, nos moldes do art. 5º, inciso IX, da Constituição Federal, julgo totalmente procedente a denúncia para condenar o acusado Rafael Ravagnani, alcunha “Play”, [...]nas sanções dos crimes previstos no art. 33, “caput” e art. 35, “caput”, ambos da Lei n. 11.343/06”, determinou o juiz.
Durante a tramitação do processo, a defesa de Rafael reconheceu os crimes e pediu atenuação da pena por confissão, cumprimento inicial em regime aberto e para poder recorrer em liberdade. Porém, como o réu negou que tenha exercido o papel de líder da organização, Ferreira Mendes compreendeu que ele não preencheu todos os requisitos necessários para atenuação da pena.
De acordo com a decisão, a Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) iniciou as investigações após receber a denúncia de que uma mulher fazia entrega de drogas na modalidade delivery no bairro Boa Esperança, em Cuiabá. Os agentes monitoraram a mulher, identificada como J.N.S.V., e a flagraram em abril do ano passado com 24,95 gramas de cocaína e 983 gramas de maconha.
O flagrante possibilitou o início das investigações e quebra de sigilo telefônico da suspeita, que revelou detalhes da organização, como outros participantes e suas funções no esquema.
A Polícia Civil deflagrou a Operação Maximus no dia 24 de outubro de 2023. Na oportunidade, um dos mandados de busca e apreensão foi cumprido numa casa utilizada pelo grupo para armazenar as drogas. Lá, foram encontrados quase 25 kg de maconha, além de caderno de anotação e sacolas “Bom Apetite”, que eram utilizadas para fazer o transporte das drogas, como se fossem lanches.
As investigações apontaram que Rafael exercia o cargo de liderança, sendo o responsável por controlar os pedidos, contratação dos entregadores, pagamento e elaboração das rotas, além de ter diversos veículos alugados em seu nome, sendo um deles o Hyundai HB20, que estava sendo utilizado por J.N.S.V.
Ele negou a acusação de ser o líder do esquema, mas o juiz não considerou suas alegações. Isso porque, nos áudios interceptados pela quebra do sigilo telefônico, ele cita ser o responsável pela administração do esquema e que precisa de mais entregadores para o “serviço”.
Além disso, as mensagens interceptadas também revelaram que Rafael orientava J.N.S.V. sobre trechos com blitz pela cidade.
MAUS LENÇÓIS
Durante o julgamento, Rafael afirmou que sempre foi trabalhador e nunca se envolveu em práticas criminosas. O envolvimento com a criminalidade teria começado após passar por dificuldades financeiras.
“O que eu fazia era facilitar que isso acontecesse, mas falar que eu liderava isso, está totalmente descontextualizado, isso não é verdade [...]não sou bandido, não sou faccionado, eu nunca conheci esse lado. Respondi uma vez no processo, mas eu fui absolvido. Eu sou primário”, disse.
Em seu depoimento, Ravagani alegou que arrendava um pasto enquanto produtor e que o valor do aluguel aumentou ao mesmo tempo que a arroba do boi reduziu o preço.