Jaira Gonçalves de Arruda Oliveira foi condenada a 26 anos e 8 meses de cadeia, acusada de ter envenenado sua enteada Mirella Poliane Chue de Oliveira, para ficar com uma indenização de R$ 800 mil que a garota ia receber. O julgamento foi concluído na tarde desta sexta-feira (10). O Júri ainda negou pedido da ré para recorrer em liberdade.
“Pelo exposto e considerando a vontade soberana do Conselho de Sentença, condeno a ré Jair Gonçalves de Arruda, qualificada nos autos, como incurso das sanções do artigo 121, § 2º, incisos I, III, e IV, c/c o artigo 4º, do Código Penal, com implicações da Lei nº 8.072/90, alterada pela Lei nº 11.464/2007, à pena privativa de liberdade de 26 (vinte e seis) anos e 08 (oito) meses de reclusão, no regime inicialmente fechado”, diz a decisão.
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Jaira também foi condenada ao pagamento das custas processuais.
Mirella morreu em junho de 2019, após ser lentamente envenenada. Segundo as investigações, a madrasta queria ficar com uma indenização de R$ 800 mil, fruto da condenação de um hospital, onde a mãe de Mirella morreu ainda durante o seu parto.
A menina foi envenenada com carbofurano, um pesticida extremamente tóxico, que foi misturado junto a comida da vítima por cerca de três meses.
Testemunha no julgamento, o advogado Cássio de Almeida Ferreira revelou que a madrasta da menina tentou impedir a realização de perícia e o consultou sobre a possibilidade de comprar um imóvel com a indenização de R$ 800 mil, que seria repassada à garota.
Cássio trabalhava para o pai de Mirella no processo de inventário dos avós da garota. Ele também representou a família no processo movido contra o hospital, pela morte da mãe de Mirella durante o parto.
Ao júri, o advogado afirmou que percebeu um desconforto da madrasta para liberar a perícia no corpo de Mirella no Instituto Médico Legal (IML). Segundo ele, Jaíra teria lhe telefonado no dia do falecimento da menina, pedindo que ele impedisse a perícia. Na ocasião, ele disse que isso não seria possível e que era o melhor caminho para esclarecer a morte da menina.
O advogado afirmou ainda que Jaíra o questionou sobre como ficaria a linha sucessória caso a menina morresse. Mais tarde, a madrasta teria solicitado que o dinheiro da menina fosse usado para a compra de um imóvel, mas Cássio afirmou que não poderia mexer na herança.
‘CUIDADO EXCESSIVO’
Durante os depoimentos, a maioria das testemunhas apontou que Jaíra tinha um ‘cuidado excessivo’ com Mirella. A diarista que atuava na casa afirmou que Jaíra não permitia que outras pessoas tocassem na menina quando ela estava doente e queria tomar conta sozinha.
Já a enfermeira que cuidou de Mirella durante a maior parte das internações no Hospital Santa Rosa disse ter percebido um “interesse fora do comum” por parte da madrasta. Segundo ela, Jaíra era invasiva e não dava liberdade para o trabalho dos profissionais de saúde.
Avó materna de Mirella, a merendeira Claudina Chue disse que percebeu mudanças no comportamento da menina desde que ela começou a morar com a madrasta, mas a garota não lhe contava nada. Informou ainda que não sabia das recorrentes internações da garota e só recebia informações quando ligava para ter notícias de Mirella. Ela também citou agressões contra a garota, mas relatou apenas a mudança no corte de cabelo, de comprido para curto.