A quebra do sigilo telefônico do advogado Roberto Zampieri, executado em dezembro do ano passado, em Cuiabá, colocou a magistratura mato-grossense e nacional de “cabelo em pé”. A situação ficou ainda mais delicada após trechos desse conteúdo ser vazado pela imprensa e mostrar o nível de intimidade do advogado com alguns magistrados, agora no alvo das investigações que apuram um esquema de venda de sentenças. Para o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a imprensa precisa ter cautela na divulgação de tais informações.
“Nem tudo que se divulga é verdadeiro. É preciso ter muita cautela também em relação a essas divulgações. É preciso ter muita reflexão em torno disso. Isso vale para nós, para os autores, para os investigadores, e vale também para a imprensa e para o Poder Judiciário”, afirmou o ministro a jornalistas nesta manhã de segunda-feira, 18 de novembro, em Cuiabá.
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Segundo Gilmar, a própria magistratura tem interesse prioritário no esclarecimento dos fatos. O processo tramita hoje na Suprema Corte, sob relatoria do ministro Cristiano Zanin, devido à presença de alvos com prerrogativa de foro.
Embora o ministro não tenha citado, é entendimento firmado que o caso mancha a imagem do Poder Judiciário como um todo. Num cenário em que as instituições passam por descrédito popular e se tornam alvo de ataques, denúncias como essa pioram ainda mais a situação.
Zampieri foi assassinado a tiros, dentro de seu carro, na noite de 5 de dezembro, em frente ao seu escritório. O caso ainda está em investigação, mas a quebra de sigilo telefônico já revelou fortes indícios de que o advogado possuía uma ligação muito forte com alguns magistrados e que negociava a compra de sentenças para casos advogados por ele ou nos quais ele tinha interesses.
O caso culminou no afastamento de dois desembargadores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT): João Ferreira Filho e Sebastião de Moraes Filho, que são investigados por seus envolvimentos com o advogado. O afastamento foi determinado pelo corregedor nacional de Justiça, ministro Luis Felipe Salomão.