Um dos setores mais prejudicados na pandemia, os bares e restaurantes estão apertando as margens de lucro para não assustar os consumidores justamente no momento em que estão se recuperando da crise causada pela pandemia de covid-19. A inflação dos preços de bares e restaurantes ficou em 6,13%, segundo a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), bem abaixo da inflação geral do setor de alimentos e bebidas, que deve fechar o ano em 8,71%, segundo o Banco Central.
Segundo a presidente da Abrasel, Lorenna Bezerra, esse aumento constante nos preços dos alimentos cria dificuldades para as empresas equilibrarem as contas. Pelos cálculos da empresária, seria preciso reajustar os preços na ordem de 10% para atingir o equilíbrio das contas, mas isso acabaria afugentando os clientes.
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"Os aumentos são diários, cada dia é um. E não é só isso, tem manutenção, combustível. Uma série de fatores que interferem no faturamento. Em se tratando de cardápio, são mais os insumos mesmos [que mais impactam o setor]. A carne teve um aumento alto, a proteína e agora no final de ano muitos legumes ficam bem mais caros", explica Lorenna, em entrevista ao Estadão Mato Grosso.
A maior dificuldade para os empresários é que os preços mudam a cada vez que vão comprar insumos, sempre com novos aumentos. Dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostram que o frango inteiro, por exemplo, subiu 24,28% ao longo do ano, liderando a lista de alimentos que pressionam o bolso do brasileiro. O segundo alimento que mais subiu foi o ovo, com uma elevação de quase 18%, seguido pela azeitona (15%), carnes bovinas (14,72%), farinha de trigo (13%) e azeite (13%).
"Você compra um produto hoje, amanhã já está com outro valor. Não dá para transferir ao consumidor na mesma velocidade", explica.
Diante dessa dificuldade, muitas empresas optaram por revisar processos ligados à produtividade, automação, dentre outros, na tentativa de sobreviver. Isso permitiu que, mesmo com uma inflação de dois dígitos, os aumentos nos cardápios fossem minimizados ou adiados.
Lorena ainda afirma que, com a retenção dos aumentos de preços, alguns consumidores já estão achando mais vantajoso fazer suas refeições fora de casa, o que tem provocado o aumento do faturamento das empresas. Só que, quando a inflação é descontada, a margem de lucro fica apertada.
"Com a lucratividade justinha, nós ainda temos que lembrar que temos contas a pagar, passadas. Temos impostos para pagar, pendências financeiras do ano passado. Precisamos trabalhar bem, nesse final de ano e ano que vem, para dar uma equilibrada no caixa", disse.
O setor agora conta com o avanço da vacinação e a reabertura total do comércio para recuperar o faturamento perdido ao longo de 2020 e boa parte de 2021, devido às medidas restritivas. O retorno dos clientes é essencial para que os empresários consigam pagar os empréstimos contraídos durante o período mais difícil da pandemia, que começarão a vencer nos primeiros meses de 2022.