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Economia Quarta-feira, 10 de Novembro de 2021, 07:30 - A | A

Quarta-feira, 10 de Novembro de 2021, 07h:30 - A | A

CUSTO SEM BENEFÍCIO

Quase 90% dos transportadores de carga cruzam os braços

Empresas que atuam na região Médio-Norte decidiram guardar os caminhões em suas garagens para não trabalhar com “frete grátis”

Priscilla Silva

Repórter | Estadão Mato Grosso

Empresas de transporte rodoviário de carga que atuam na região Médio-Norte de Mato Grosso suspenderam as atividades por falta de retorno do frete pago pelas companhias exportadoras. Em uma das cidades, apenas 10% das transportadoras continuam atendendo às demandas da região. A decisão de interromper as atividades ocorre em meio à alta do diesel comum, que atingiu R$ 5,787 por litro nos postos de Mato Grosso, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

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A suspensão dos serviços prestados pelas transportadoras ocorre voluntariamente. Segundo Mauri Soares, presidente da Associação dos Transportadores Rodoviários de Mato Grosso (Atrom), a atitude “não se trata de paralisação, movimento e muito menos greve. Não fechamos rodovias”.

O ato de retirar os caminhões de circulação ocorre nos municípios de Sinop e Sorriso e teve início na segunda-feira (8). Até terça-feira (9), 70% das empresas que atuam em Sorriso pararam as atividades. A maior adesão ocorre em Sinop, com 90% do setor suspenso.

“Tudo ocorre de livre e espontânea vontade. Os transportadores que acham que ainda é viável seguem atuando, mas os que não acham, estão parando”, explica. “A maioria está parando, até mesmo empresas de grande porte. Com o valor do frete hoje, não compensa rodar, pois é pagar para trabalhar”, completou.

Sinop e Sorriso são cidades conhecidas por terem grandes produtores de grãos. O escoamento desses produtos para exportação depende do transporte rodoviário de carga para chegar ao porto mais perto, o de Miritituba, no Pará. “O frete da região via Miritituba está na base dos R$ 170 por tonelada (ton.), mas nas condições atuais o valor deveria ser de R$ 200 por ton.”, explica.

As condições que dão o preço real do frete na região envolvem aumento dos custos com manutenção dos caminhões, pneus e, principalmente, o diesel. “No caso do diesel, a gente não consegue abaixar, por isso estamos brigando pelo preço justo do frete”, ressalta Mauri.

Segundo o representante do setor no estado, se as companhias exportadoras do agronegócio (tradings) não revisarem o valor de suas tabelas de frete, terão dificuldades em achar transporte.

“O tempo está curto para as tradings buscarem as produções junto aos agricultores. Porém, os transportadores estão sem condições de trabalho diante do frete atual”, observa.

Por outro lado, a pouca oferta de caminhões para o transporte não preocupa os produtores. Edeon Vaz, diretor-executivo do movimento Pró-Logística da Aprosoja (produtores de soja e milho) e Ampa (produtores de algodão), garante que “neste momento a paralisação não atrapalha”.

“Estamos no final da safra e tem pouco a ser transportado nos próximos dias. Também estamos pagando o valor do frete acima do piso. Porém, esses valores de frete são negociados entre as tradings e os transportadores. Normalmente feito com um ano de antecedência. Então, eles terão que sentar e estudar a situação entre eles”, completa Edeon.

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Estimativas referentes a outubro para a comercialização da última safra de milho em Mato Grosso mostram que a produção está quase completamente vendida. “Foi registrado menor volume comercializado no último mês, isso porque grande parte da produção do cereal já está comprometida. Com isso, 92,09% da produção estadual foi negociada até outubro”, informou o Imea.

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