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Economia Sábado, 05 de Setembro de 2020, 08:00 - A | A

Sábado, 05 de Setembro de 2020, 08h:00 - A | A

FERRONORTE

Projeto industrial da baixada Cuiabá já dura quatro décadas

Priscilla Silva

A concretização do sonho de ter uma ferrovia que coloque Cuiabá na rota de um dos principais portos do país (Santos-SP) já dura 45 anos. A chegada dos trilhos da Ferronorte, denominada ferrovia Vicente Emílio Vuolo (EF-364), à capital mato-grossense é tida como peça chave para o desenvolvimento industrial da Baixada Cuiabana. Apesar de estarem garantidos os investimentos para que os trilhos avancem pelo o norte do estado, seu traçado ainda não foi definido.

“Ainda não sabemos como será o traçado. Se ele vai de Rondonópolis direto para Nova Mutum ou se vai passar por Cuiabá. A empresa que fará a obra [Rumo] alega não ser prudente antecipar o traçado, para evitar especulações com donos de terra, o que é compreensivo”, explicou o professor Luiz Miguel Miranda, doutor em Engenharia de Transportes.

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A luta para que os trilhos da hoje denominada ferrovia Vicente Emílio Vuolo (EF-364), antiga Ferronorte, chegue a Cuiabá deu seu passo inicial em 1975, com a sua inclusão no Plano Nacional de Viação. Da sua idealização e construção até chegar ao seu hoje destino final, em Rondonópolis (MT), foram 35 anos. Desde então, os esforços para fazer com que seu traçado original, que passa por Cuiabá, é discutido. Essa insistência, que já soma 10 anos, é motivada por um fator: a industrialização da Baixada Cuiabana.

“O centro industrial de Cuiabá precisa da ferrovia para trazer insumos do norte e se desenvolver. Por ela virão minérios para fabricação de barras de aço, alumínio para vigas, carvão, calcário e fosfato para fabricas de fertilizantes. Desde o princípio, a Ferronorte foi pensada para trazer esses insumos do norte do país, para que possam ser processados aqui e saiam produtos valorizados. A Ferronorte é de estrema necessidade e sem ela não desenvolveremos o polo industrial da Baixada Cuiabana”, garante Luiz Miguel.

Caso o problema da logística seja resolvido, Mato Grosso terá mais um fator favorável para atrair novas indústrias ao estado. “Além disso, já temos aqui o gasoduto. É inimaginável que tenhamos um gasoduto na Baixada Cuiabana, energia barata para as indústrias. Eu não entendo como Mato Grosso com esse rebanho de mais de 27 mil cabeças de gado não tenha um polo de couro calçadista e tem que mandar tudo in natura para fora do estado. Basta os responsáveis terem interesse em fazer”, aponta o engenheiro.

De acordo com o professor Luiz Miguel, além dos investimentos na indústria, a população será uma das beneficiadas pelo desenvolvimento. “A indústria é um dos empregos de melhor remuneração, ela só perde para o turismo”, pondera.

Traçado mantido em segredo
O projeto de avanço dos trilhos da Ferronorte até o município de Nova Mutum deverá ter investimento que pode chegar a R$ 11 bilhões. A empresa Rumo Logísticas deverá executar as obras como uma espécie de contrapartida pela conquista da prorrogação da concessão da Malha Paulista.

Até o momento só se sabe que a extensão chegará até Nova Mutum, mas, para chegar a esse destino, três traçados são possíveis. “No projeto original a licitação de 1989, ganha pelo grupo Itamarati, previa passar pela terra indígena Tereza Cristina [Santo Antônio de Leverger], mas em 2012, a concessão de Rondonópolis para frente foi devolvida ao governo federal e esta ideia está abandonada. As demais alternativas são: passar por Cuiabá ou seguir direto para Nova Mutum, sendo essa última mais barata”, explica o professor.

Se a Ferronorte chegará a Cuiabá, ou não, segue misteriosa, mas no dia 17 de agosto a diretoria da empresa Rumo confirmou ao governador Mauro Mendes que irá expandir em Mato Grosso a ferrovia que compõe a Malha Norte.

“É um investimento logístico que vai trazer mais competitividade para o Estado, extremamente importante para melhorar as nossas cadeias produtivas, trazendo mais emprego e renda a todo o estado de Mato Grosso”, destacou o governador Mauro Mendes.

De acordo com o chefe do Executivo, a empresa deve levar os trilhos da ferrovia para as cidades de Cuiabá, Lucas do Rio Verde e Nova Mutum. Ao todo, o projeto prevê a construção de três novos terminais para o transporte da produção agrícola e industrial, que cresce consideravelmente em Mato Grosso.

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