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Economia Terça-feira, 27 de Dezembro de 2022, 07:15 - A | A

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PESO NO BOLSO

Preços de alimentos e serviços seguram inflação, que deve estourar o teto em 2022

Economista projeta IPCA na faixa de 5,75% para o ano, quase 1 ponto acima do teto estabelecido pelo Banco Central

Felipe Leonel

Repórter | Estadão Mato Grosso

A inflação deve encerrar o ano próxima de 6%, com os preços de alimentos e serviços impedindo uma queda mais acentuada do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O cenário mais otimista é de que o IPCA do ano deve ficar em 5,75%, quando o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgar o índice no começo de janeiro de 2023.

O número é próximo do IPCA-15, que foi divulgado pelo IBGE na última sexta-feira (23), apresentando uma inflação de 5,90% no acumulado dos últimos 12 meses. O IPCA-15 é uma prévia da inflação oficial e analisa dados coletados entre os dias 20 do mês anterior com o mesmo dia do mês atual, ao contrário do IPCA, que analisa dados do mês cheio.

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Na avaliação do economista Vivaldo Lopes, os preços de itens alimentares foram os que mais seguraram a inflação em um patamar elevado, impedindo que o Banco Central se aproximasse da meta, estabelecida em 3,5%, com uma margem de 1,5% para mais ou para menos. Portanto, para ser considera cumprida, a inflação deveria encerrar 2022 entre 2% e 5%.

Outro ponto destacado é o aquecimento do setor de serviços, o último a se recuperar da crise instalada pela pandemia de covid-19 no Brasil. A demanda por serviços como salões de beleza, viagens, passagens aéreas e terrestres foi muito alta, o que puxou os preços para cima. Após a retomada da economia, a demanda do setor foi muito acima do que o mercado poderia oferecer aos consumidores, que ficaram com o consumo restrito no período pandêmico.

“As pessoas passaram a viajar mais, fazer mais turismo, ir mais a restaurantes. Naturalmente, isso impulsionou o preço, porque os serviços voltaram em um patamar acima do que estava em 2021”, afirma Vivaldo.

Para 2023, as projeções apontam para uma inflação um pouco abaixo de 5%, mas isso só poderá ser confirmado no final do ano que vem. “No próximo ano, o fator que vai segurar um pouco a inflação é a taxa de juros alta, com a Selic alta, o crédito fica caro, portanto reduz poder de consumo das famílias e das empresas”, pontua Vivaldo, que acredita na manutenção da Selic em 13,75% em 2023.

Portanto, o economista descarta mudanças na taxa básica de juros pelo Banco Central, que deve começar a analisar isso a partir de agosto de 2023 e fazer uma possível redução em março de 2024. A razão para isso, avalia Vivaldo, é que o governo Lula não vai conseguir desenhar um novo arcabouço fiscal no primeiro semestre de 2023.

“Na melhor hipótese, isso deve ocorrer no segundo semestre. Em razão disso, não muda muito o cenário de risco e de inflação. Portanto, eu trabalho com a leitura de que o Banco Central vai passar o ano todo sem reduzir a taxa de juros. Se a gente tiver alguma expectativa de redução da taxa, vai ser a partir de março de 2024”, conclui.

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