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Economia Quinta-feira, 01 de Dezembro de 2022, 07:05 - A | A

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INJEÇÃO DE ÂNIMO

Possível adição de biodiesel ao diesel eleva cotações do óleo de soja em MT

Felipe Leonel

Repórter | Estadão Mato Grosso

A possibilidade de voltar a aumentar a mistura de biodiesel ao óleo diesel elevou as cotações do óleo de soja na última semana, aponta o boletim semanal da soja do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). Nesse ano, a mistura do biodiesel no diesel que é comercializado pelos postos deveria estar em 14%, mas foi reduzida para 10%.

A mistura estava em 13% até setembro de 2021, mas foi reduzida devido ao aumento abrupto nos preços das commodities agrícolas. À época, o diesel estava mais barato e a mistura com biodiesel estava pressionando os preços do diesel comercial. Porém, a situação se inverteu após o início da guerra entre Rússia e Ucrânia, com o diesel ‘explodindo’ no mercado internacional.

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“Assim, apesar da queda nas cotações do óleo de soja na bolsa de Chicago, em MT com a expectativa de reajuste na mistura obrigatória em 2023, o mercado interno apresentou valorização de 2,20% ante a semana do dia 18/11 e ficou cotado em R$ 6.962,50/t”, afirma o boletim do instituto.

O Imea disse, porém, que a possibilidade de aumentar a mistura deve ficar apenas para os próximos anos, já que em 2023 foi confirmado que a mistura permanecerá a mesma, ou seja, 10%, “o que pode impactar os preços no curto prazo”. O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) decidiu manter os 10%, contrariando aliados do presidente eleito Lula (PT), que querem elevar o percentual de biodiesel na mistura.

O senador Carlos Favaro (PSD), membro do grupo de transição de governo, chegou a pedir que o CNPE não ratificasse a decisão, alegando que a medida coloca em risco milhares de empregos e poderia causar um colapso nessa cadeia produtiva. Porém, a decisão do CNPE foi de manter a mistura em 10%, o que deve valer até março, o terceiro mês do mandato de Lula.

REVOGAÇO

Em entrevista recente, Fávaro afirmou que o novo governo pretende rever essa decisão e pode revoga-la antes do prazo estabelecido pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). Isso porque a decisão do CNPE contraria uma resolução de 2018, que previa incremento de 1% ao ano na mistura de biodiesel, chegando a 2023 com 15%.

“Com relação à decisão do CNPE, que manteve até março do ano que vem o percentual de mistura do biodiesel, ela vai ser confirmada com um decreto. Na equipe de transição, temos um grupo atuando justamente para revogar todo o tipo de decisão tomada que contrarie aquilo que o novo governo defende”, afirmou o senador.

A mistura do biodiesel ao diesel é uma forma de o Brasil reduzir sua dependência da importação do derivado do petróleo. Isso porque o Brasil precisa importar cerca de 30% do diesel consumido no país. Aumentar a mistura do biocombustível diminuiria essa necessidade de importação, o que também pode trazer reflexos para os preços do combustível. Representante do setor afirmam que os motores atuais suportam bem uma mistura de até 20% de biodiesel.

EMPREGOS

Dados do Centro de Estudos em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea-USP) apontam que a produção do biodiesel gerou quase 20 mil empregos diretos no Brasil apenas no ano passado. Para cada R$ 1 a mais de produção da atividade de fabricação de biodiesel, 33 empregos são acrescentados na economia como um todo.

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