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Economia Terça-feira, 19 de Setembro de 2023, 21:03 - A | A

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DESAFIO NO CAMPO

Possibilidade de 'Super El Niño' lança incertezas sobre a safra de soja em MT

Especialista indica que novembro deve ser o período ideal para o plantio da soja, após a umidade do solo melhorar

Da Redação

Redação | Estadão Mato Grosso

O início do plantio de soja em Mato Grosso marca o início de uma nova safra, mas este ano, produtores estão atentos a um fator que causa preocupação: a incerteza climática trazida pelo fenômeno El Niño. O professor e PhD em Meteorologia, Luiz Carlos Molion, durante uma live realizada pela Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), compartilhou suas análises sobre o fenômeno e seu impacto na safra.

Segundo Molion, o Centro de Previsão Climática dos Estados Unidos (CPC) ainda não apresentou um cenário claro, apontando para probabilidades entre 40% e 66% de chances de ocorrer um "Super El Niño", com temperaturas do oceano 1,5°C acima da média. Para ilustrar a incerteza, ele usou uma analogia simples: "Imagine uma moeda com duas faces, 'cara' e 'coroa'. Se cair 'cara', teremos um 'Super El Niño', caso contrário, não. "

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O especialista em meteorologia destacou que os modelos climáticos globais nem sempre são precisos e, por isso, ele prefere usar o método de 'similaridade' para fazer previsões. Nesse método, ele analisa cenários globais de clima e encontra um ano anterior semelhante. Para o período atual de 2023, ele aponta o ano 2008 como melhor referência.

Molion enfatiza que prever o clima é um desafio, especialmente quando as condições não são claras, como é o caso atual, onde o El Niño não está bem definido.

"Prever o clima não é fácil, fica mais fácil quando a gente tem uma situação muito clara, como por exemplo, o El Niño bem estabelecido, como foi em 2015 e 2016. Agora, numa situação como essa, que você tem água quente, a atmosfera não se acoplou, a previsão é muito difícil", observa.

No entanto, sua leitura atual sugere que as chances de um El Niño forte são baixas, mas há a possibilidade de um veranico em janeiro, com uma redução de até 65% no volume de chuvas. Porém, Molion aponta que esse veranico deve ser compensado por um aumento de até 25% nas precipitações em fevereiro e 50% em março. Portanto, alerta ele, a colheita da oleaginosa pode ser afetada pelo excesso de chuvas.

A previsão de Molion, com base em dados para o município de Diamantino, sugere que o trimestre julho-agosto-setembro terminará com um volume de chuvas 60% inferior ao mesmo período de 2008, com 40 milímetros. Para o trimestre seguinte, outubro-novembro-dezembro, ele prevê 10% a menos de precipitação, totalizando 630 mm.

Com base nessa análise, Molion aconselha que o período ideal para o plantio seria no início de novembro.

"Contando com essas chuvas que vão acontecer e as que caíram agora, elas podem melhorar um pouco a umidade do solo. Então, eu estou vendo que a gente poderia começar a plantar já no início de novembro, pois mesmo que haja uma redução de chuvas em dezembro, ainda é um mês que chove muito, então, não vejo grandes problemas", explicou.

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