A pandemia ampliou a desigualdade no Brasil. Com o aumento do desemprego, os principais afetados foram os mais vulneráveis, como os trabalhadores domésticos, negros, mulheres e trabalhadores com baixa escolaridade. A influência da crise sanitária na vida dessas pessoas ficou evidente no último boletim pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Segundo o departamento, a pandemia explicitou e acentuou as desigualdades existentes no Brasil. “Homens e mulheres negros, ocupados em situação de informalidade, no trabalho doméstico e sem vínculo legal, foram os que mais sofreram os efeitos da parada da economia brasileira por causa do coronavírus”.
- FIQUE ATUALIZADO: Entre em nosso grupo do WhatsApp e receba informações em tempo real (clique aqui)
- FIQUE ATUALIZADO: Participe do nosso grupo no Telegram e fique sempre informado (clique aqui)
A perda de espaço no mercado de trabalho por pessoas pretas foi observada em números na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do IBGE. Entre o 1º e o 2º trimestre deste ano, mais de 6,4 milhões de homens e mulheres pretos perderam o emprego, e a esperança de uma recolocação. Já o número de homens e mulheres brancos nesta mesma situação é de 2,4 milhões, menos da metade do quantitativo negro.
“É sabido que mulheres e homens negros enfrentam dificuldades maiores para conseguir uma colocação. A taxa de desocupação entre esses trabalhadores é sempre maior, mas a pandemia conseguiu criar ainda mais adversidades para essa população. Em situação vulnerável de renda, moradia, sem possibilidade de aderir ao isolamento, necessário para evitar a propagação do coronavírus, trabalhadores e trabalhadoras negras foram obrigados a continuar a busca por trabalho diante da necessidade de sobrevivência, em longos deslocamentos por meio de transporte público nas grandes cidades”, apontam os analistas do Dieese.
Até o 2º trimestre de 2020, ao todo, 8 milhões de pessoas perderam seus empregos, sendo que 6,3 milhões eram negros e negras, quantia que equivale a 71% do total. A pesquisa constatou também que a maioria das ocupações perdidas na pandemia foi por homens negros com carteira (1,4 milhão), sem carteira (1,4 milhão) e os que trabalhavam por conta própria (1,2 milhão).
As mulheres negras foram igualmente afetadas. Mais de 887 mil trabalhadoras com carteira assinada foram demitidas; 620 mil sem carteira; 886 mil trabalhadoras domésticas; e 875 mil trabalhadoras por conta própria.
“Importante lembrar que muitos consideraram as trabalhadoras domésticas como vetores de transmissão da covid-19, pelo fato de elas utilizarem transporte público. Um grande número de contratos de trabalho foi finalizado por esse motivo, deixando à míngua mulheres de baixa renda e escolaridade”, destaca o Dieese.