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Economia Quinta-feira, 22 de Dezembro de 2022, 14:27 - A | A

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PASSOU DO PONTO

"Inflação do churrasco" dispara e se aproxima de 80% desde 2014

Se a ‘inflação do churrasco’ fosse usada como base para o reajuste salarial, valor do mínimo em 2022 seria de R$ 1.297

Felipe Leonel

Repórter | Estadão Mato Grosso

O churrasco é uma paixão do brasileiro, que não abre mão de ‘queimar uma carne’ ao confraternizar com família e amigos em datas especiais. Porém, esse evento vem se tornando mais caro a cada ano que passa, com um crescimento de preços muito acima da inflação. Para se ter ideia, a inflação da picanha foi de 82% entre dezembro de 2014 e dezembro de 2022, bem acima da inflação oficial no período, que ficou em torno de 60%.

Conforme dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), o preço da picanha em 2014 era de R$ 36,44, data em que o Instituto fez o primeiro levantamento no varejo. O Imea deixou de divulgar os preços varejistas ao final de 2020, mas a reportagem fez o cálculo da média de preços em cinco açougues na Capital e chegou ao valor de R$ 66,59/kg para o corte mais nobre.

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Outra ‘queridinha’ dos churrasqueiros, a maminha também não ficou de fora da explosão de preços. O quilo desse corte saiu de R$ 21,76 em dezembro de 2014, para R$ 40,37 em dezembro desse ano, registrando um aumento de 85% ao longo de 8 anos. Os demais cortes para churrasco também acompanharam a mesma tendência.

Veja abaixo o gráfico:

 

Para quem não abre mão da carne bovina no churrasco, a fraldinha é uma boa pedida. O corte é saboroso e possui menor preço na comparação com a picanha, maminha, contrafilé e alcatra (os principais cortes de churrasco, que foram pesquisados pela reportagem). A fraldinha pode ser encontrada por um preço médio de R$ 34,53. É o mais barato, mas ainda acumula alta de 92% desde dezembro de 2014, quando era vendida por R$ 17,99.

Em 2014, o quilo da fraldinha correspondia a 2,5% do salário mínimo, que era de R$ 724. Atualmente, esse percentual é um pouco maior, de 2,84%, considerando o salário mínimo de R$ 1.212. Já a picanha, em 2014, correspondia a 5% do salário mínimo, contra 5,5% do salário mínimo atual.

A média de preços dos 5 principais cortes para churrasco, em 2014, foi de R$ 24,74. Já em dezembro de 2022, essa média é de R$ 44,36, o que resulta em uma ‘inflação’ de 79,2% em 8 anos. Portanto, se a ‘inflação do churrasco’ fosse usada como base para o reajuste salarial, o valor do mínimo deveria ter sido de R$ 1.297 em 2022. 

Por outro lado, a inflação oficial, medida pelo IBGE, foi de 59,72% nesse mesmo período, quase 19 pontos percentuais a menos que a inflação dos churrasqueiros. 

Por que a carne disparou?

A disparada do preço da carne bovina começou a ser sentida com mais intensidade no ano de 2019, quando a média dos cortes para churrasco aumentou 41,5% na comparação com os últimos meses de 2018. Esse aumento foi pautado principalmente pela pressão das exportações e também pela redução de bovinos prontos para o abate.

Depois, veio a pandemia de covid-19, no início do ano de 2020, o que fez grande parte da cadeia produtiva mundial reduzir suas atividades para conter a disseminação do vírus. Isso fez faltar insumos no mercado e resultou em um aumento generalizado de preços, que chegou até os consumidores.

Atualmente, os custos seguem elevados, mas há expectativa de redução de preços ao consumidor em 2023, pois os pecuaristas estão aumentando o abate de fêmeas após uma grande retenção nos últimos anos.

 

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