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Economia Domingo, 16 de Julho de 2023, 07:36 - A | A

Domingo, 16 de Julho de 2023, 07h:36 - A | A

ALERTA NO CAMPO

Falta de armazéns preocupa produtores, diante de nova safra recorde

Produção recorde de milho chega em momento de preços baixos e produtores não têm onde armazenar para esperar melhora nas cotações

Gabriel Soares

Editor-Chefe | Estadão Mato Grosso

Mato Grosso vive um ano histórico em sua produção de milho, com uma safra recorde que deverá, pela primeira vez, ultrapassar a produção de soja. Porém, a enorme produtividade vem acompanhada de grandes desafios. Além da queda nas cotações, há uma preocupação especial com a falta de espaço para armazenamento da safra de milho, que deve atingir 50 milhões de toneladas.

O assunto foi debatido durante o Mais Milho, evento que marcou a abertura nacional da colheita de milho de segunda safra.  Especialistas do mercado e representantes de entidades do setor se reuniram na Fazenda Jaqueline, em Cláudia, para debater a produção e os desafios da cultura do milho.

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“É um ano histórico em que a produção de milho passa à produção de soja e, ao mesmo tempo, um ano desafiador, onde custos aumentaram e os preços baixaram. Esse evento traz a oportunidade de discutir como ficará a viabilidade da cultura, como Mato Grosso se manterá nos níveis de produção, se haverá expansão ou recuo”, afirmou Fernando Cadore, presidente da Aprosoja-MT.

Dados são do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) apontam que Mato Grosso deverá colher cerca de 50 milhões de toneladas do cereal, contra 45,32 milhões de toneladas da oleaginosa. Porém, os preços das duas commodities estão baixos, o que traz preocupação pelo setor.

A preocupação com a queda de preços é agravada pela falta de espaço para armazenamento, que impede os produtores de guardarem os cereais enquanto esperam por melhores preços no mercado.

De acordo com informações do último levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção de grãos de Mato Grosso é de mais de 97 milhões de toneladas. Em contrapartida, a capacidade de armazenamento do estado é de apenas 46 milhões de toneladas. Ou seja, o estado poderia armazenar apenas 47% da sua safra de grãos.

Esse percentual é seriamente inferior ao recomendado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, a FAO, órgão vinculado à Organização das Nações Unidas (ONU), que recomenda que a capacidade de armazenamento corresponda a 120% do total da produção. Sendo assim, Mato Grosso deveria ter capacidade de armazenar 116 milhões de toneladas.

E o que torna a situação ainda mais grave para os produtores é que de 46 milhões de toneladas de capacidade de armazenamento, apenas 28% dessa capacidade está nas fazendas.

Situação semelhante é vivida no vizinho Mato Grosso do Sul. O estado produz 26,9 milhões de toneladas de grãos e a capacidade de armazenagem é de 12,2 milhões de toneladas. Ou seja, os produtores de Mato Grosso do Sul podem armazenar somente 45% da sua safra de grãos. Já o percentual de capacidade de armazenamento das fazendas em MS é de apenas 13%, segundo a Conab.

“Isso causa um problema logístico extremamente grave. O Brasil pode atravessar uma crise em função de não ter onde colocar o produto, um produto de extrema necessidade, de primeira importância para o brasileiro e que vem sofrendo agora esses problemas de custos, que fazem com que a produção do grão fique inviável nos nossos campos”, destaca André Dobashi, presidente da Aprosoja Mato Grosso do Sul.

*Com informações da assessoria

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