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Economia Sexta-feira, 30 de Outubro de 2020, 09:38 - A | A

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FUTURO EM RISCO

China vai comprar soja na África para diminuir dependência do Brasil

Gabriel Soares

A China decidiu fechar um acordo comercial para importar soja da Tanzânia na tentativa de reduzir sua dependência do grão brasileiro. A informação foi divulgada nesta quinta-feira (29) pelo South China Morning Post, um dos maiores jornais da região de Hong Kong.

O acordo comercial é parte de uma estratégia chinesa para se desvincular do Brasil e dos Estados Unidos, de onde importa a maior parte dos grãos consumidos. A previsão é que a Tanzânia exporte até 15 milhões de toneladas por ano, uma fatia pequena diante da demanda chinesa, estimada em mais de 103 milhões de toneladas ao ano.

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Neste ano, a China adquiriu 57,7 milhões de soja do Brasil até setembro, o que representa 72,9% de toda a soja exportada pelo país. O valor total das exportações de soja para a China neste ano é de US$ 19,81 bilhões.

Especialistas apontam que a soja da Tanzânia é para suprir a demanda chinesa. Contudo, os agricultores africanos ainda têm espaço a desenvolver e as estimativas apontam que a produção do país pode até quadruplicar caso alcance o nível das lavouras brasileiras.

“A China deseja reduzir sua dependência na importação de soja dos Estados Unidos e do Brasil, mas o nível de produção dos africanos ainda é muito baixo para fazer alguma diferença real”, disse Mark Bohlund, analista da Redd Inteligence, ao South China Morning Post.

Contudo, o interesse dos chineses na África é crescente, impulsionado pelo fato de que alguns países africanos se endividaram com empréstimos para infraestrutura feitos no âmbito da “Iniciativa Cinturão e Rota”, projeto chinês para criar uma nova rota de comércio com a Europa e a África, conhecido como ‘Rota da Seda do Século 21’. Assim, a exportação de produtos agrícolas surge como uma oportunidade para os africanos pagarem seus débitos.

Além disso, a China precisa aumentar suas compras de soja dos Estados Unidos, devido ao acordo comercial assinado em janeiro deste ano, que obriga o governo chinês a comprar US$ 200 bilhões em produtos norte-americanos. Essas movimentações do mercado tendem a influenciar o futuro da cultura da soja no Brasil. 

No dia 13 deste mês, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, destacou a necessidade de o Brasil diversificar suas exportações de soja para além da China. “Hoje a gente exporta 80% para a China. Nós precisamos diversificar isso mais, então nós estamos aí conversando com muitos países”, afirmou.

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