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Economia Quinta-feira, 11 de Janeiro de 2024, 07:33 - A | A

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CRISE NO CAMPO

Castigado pela seca, Mato Grosso terá maior perda de safra do Brasil

Conab prevê recuo mais de 11 milhões de toneladas na produção

Gabriel Soares

Editor-Chefe | Estadão Mato Grosso

A safra 2023/24 ainda está no começo, mas os estragos causados pelo clima quente e seco já podem ser sentidos em Mato Grosso, causando grande impacto na produção brasileira de grãos. O relatório mais recente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indica uma perda de mais de 11 milhões de toneladas em relação à previsão inicial, feita em outubro de 2023. Com isso, a nova projeção da safra aponta para uma produção de 306,4 milhões de toneladas de grãos, uma redução de 13,5 milhões de toneladas em relação à safra anterior.

Castigado por várias ondas de calor e forte estiagem, Mato Grosso deve liderar as perdas da safra de grãos brasileira. Devido à falta de regularidade nas chuvas, a maioria das lavouras de soja não conseguiu atingir o desenvolvimento pleno. Como resultado, a Conab projeta uma perda de 11,4 milhões de toneladas de grãos no estado, saindo dos 101 milhões registrados na safra 2022/23 para 89,6 milhões nesta temporada. Isso representa uma perda de 11,3% na produção.

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Maior produtor de grãos do país, Mato Grosso sofrerá as maiores perdas desta temporada, quando considerados os números absolutos. O volume da quebra de safra em Mato Grosso é quase quatro vezes maior que o segundo colocado, Goiás, que deve registrar perda de 3,1 milhões de toneladas de grãos. Em terceiro lugar está o Paraná, com perdas de 2,8 milhões de toneladas. Por outro lado, o Rio Grande do Sul deve surpreender, com um aumento de 11,2 milhões de toneladas na produção desta temporada.

Somente a safra de soja em Mato Grosso deve recuar 5,4 milhões de toneladas em relação à temporada anterior, segundo a Conab, uma queda de 11,84%. Com isso, a expectativa é de que sejam colhidas 40,2 milhões de toneladas de soja. Apesar de drástica, essa previsão ainda é mais conservadora que a análise feita pela Associação dos Produtores de Soja e Milho (Aprosoja-MT), que prevê uma quebra de 20% na safra, com produção de ‘apenas’ 36,1 milhões de toneladas.

Reprodução/Conab

situação da soja

Relatório da Conab mostra que situação das lavouras de soja em Mato Grosso é bastante variada, mas a predominância é de evolução ruim

COLHEITA ANTECIPADA

O resultado dos problemas climáticos é visto por quem passa pelas lavouras. Os últimos talhões de soja estão sendo plantados ao mesmo tempo em que as colhem os primeiros grãos. A colheita precisou ser antecipada em algumas regiões devido ao estresse climático causado pelo tempo seco e quente. Segundo a Conab, a situação predominante nas lavouras de Mato Grosso é ‘regular’ ou ‘ruim’.

“[...] devido à falta de chuva regular, além dessas áreas, muitas roças, com plantas ainda em porte pequeno, estão entrando em processo de maturação antecipada entre 10 dias e 20 dias, o que deve aumentar o percentual de lavouras colhidas ainda em dezembro, em comparação às safras anteriores. Parte dessas áreas prontas apresentam problemas com menor número de vagens por planta, bem como menor quantidade e qualidade dos grãos”, diz o relatório da Conab.

Devido às perdas iniciais durante a estiagem, alguns produtores resolveram desistir de plantar soja e aproveitaram para antecipar o plantio de outras culturas, como algodão, milho e arroz, que estavam com janelas mais favoráveis para cultivo.

“Diante do quadro climático, a produtividade estimada reduziu de 3.535 kg/ha para 3.290 kg/ha, em relação ao último prognóstico, podendo ser impactada ainda mais no decorrer da colheita da soja”, aponta a Conab.

MERCADO

Quanto ao comportamento de mercado, a redução na estimativa da produção de soja apontada pela Conab deverá implicar também em menor exportação da oleaginosa em grãos neste ano. Além disso, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) aprovou o aumento de biodiesel ao diesel, de 12% para 14%, o que indica que haverá um incremento na demanda interna de óleo de soja.

“A quantidade de soja esmagada será ajustada em 119 mil toneladas, totalizando aproximadamente 53,4 milhões de toneladas, devido ao aumento da proporção de biodiesel adicionado ao diesel. Portanto, espera-se que os estoques finais em 2024 sejam de aproximadamente 3,58 milhões de toneladas”, aponta o relatório.

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