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Economia Quarta-feira, 22 de Dezembro de 2021, 07:00 - A | A

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COMPRAS CANCELADAS

Aprosoja pede investigação contra fornecedores de fertilizantes e defensivos

Felipe Leonel

Repórter | Estadão Mato Grosso

A Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja/MT) acionou o Ministério Público Federal (MPF) e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para que as empresas multinacionais que fornecem fertilizantes e defensivos agrícolas sejam investigadas por crimes contra o consumidor.

Os produtores reclamam que as fornecedoras de fertilizantes e defensivos estão cancelando as compras realizadas no ano anterior para revender os mesmos produtos por preços atualizados, que estão até três vezes mais altos. Além dos problemas financeiros, os produtores apontam que esse comportamento dos fornecedores traz risco à produtividade das lavouras.

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O ofício foi protocolado na última semana pelo coordenador de Política Agrícola da Aprosoja, Tiago Stefanello, e pelo consultor de Política Agrícola, Thiago Rocha. A entidade também pede que seja criado um convênio entre o Mapa e o Ministério da Justiça, para que os produtores denunciem as empresas.

“Aprosoja quer é que seja apurada essa questão e, como foi feito anteriormente, um convênio entre o Mapa e o Ministério da Justiça para ter um canal para denunciar essas empresas, onde haja evidências de que há uma conduta dessa natureza, quebra de pedido com o produtor e depois venda do produto no mercado a um valor vigente”, disse Thiago Rocha.

As empresas argumentam que estão enfrentando a falta de matérias-primas para produzir os produtos e devolvem os valores pagos. Por esse motivo, muitos produtores estão se vendo induzidos a comprar o mesmo produto por um preço maior, o que levanta a desconfiança sobre uma ‘manobra’ dessas empresas para lucrar mais.

Com uma estimativa de colheita de mais de 37 toneladas, com produtividade de mais de 57 sacas por hectare, os produtores temem que o lucro esperado da safra 2021/2022 seja prejudicado pelo aumento abrupto no custo de produção, já que precisam adquirir insumos novamente ou buscar opções de defensivos biológicos, que demoram mais tempo para produzir efeitos.

"Era para termos um ano perfeito e, infelizmente, por irresponsabilidade dessas multinacionais, os produtores estão sendo prejudicados", afirmou o diretor administrativo da Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja/MT), Nathan Belusso, em entrevista ao Estadão Mato Grosso no começo deste mês, quando o problema começou a se agravar.

"É um ano que o produtor tinha expectativa muito alta e o clima, principalmente nesse início de safra ajudou, mas esses ajustes de mercado vêm prejudicando o perfeito andamento da nossa safra. A gente divulgou esse alerta aos nossos produtores, vimos há vários meses alertando, falando que se comprou para armazenar o produto, não deixar para receber depois", detalhou Belusso.

Além de enfrentar o problema da falta de insumos para a safra 2021/2022, o cenário para a safra 2022/2023 também tende a ser mais complicado. O boletim anual da soja, feito pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) aponta que “apesar do cenário positivo no faturamento, é importante pontuar que em 2022, o produtor terá como desafio o elevado custo de produção para a safra 22/23, que até o momento já apresenta um custeio 55,53% superior ao visto na 21/22”.

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