A Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil) reagiu à proposta de lei apresentada no Parlamento da União Europeia, que pode restringir importações de commodities agrícolas oriundas de áreas de desmatamento. A proposta, se aprovada, pode impor restrições às exportações de vários produtos brasileiros, dentre eles a soja e a carne bovina.
A Aprosoja Brasil classifica a proposta como ‘protecionismo’ disfarçado de preocupação ambiental.
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A associação lembra que o Brasil mantém mais de 80% da Amazônia preservada e que o país não é mais uma colônia europeia para se submeter às regras aprovadas pelo Parlamento Europeu e impostas aos demais países de forma totalitária. A proposta, segundo a Aprosoja, coloca os produtores que desmatam legalmente, com autorização do governo, na mesma vala daqueles que cometem crimes ambientais.
A associação lembra ainda que o governo brasileiro já está adotando medidas para zerar o desmatamento ilegal e chegou a apresentar planos que reduzem o prazo para o cumprimento desta meta, de 2030 para 2028.
“Se isso não é suficiente, podemos concluir que as intenções da União Europeia não dizem respeito à preservação ambiental, mas, sim, a uma tentativa de exercer barreiras comerciais contra produtores de alimentos do Brasil para proteger agricultores daqueles países”, afirma.
A proposta poderia prejudicar grandes mercados que são abastecidos pelo Brasil, como a Ásia e África, colocando em risco o fornecimento de alimentos para esses mercados, que possuem mais de um bilhão de consumidores. Além da União Europeia, o Reino Unido também apresentou uma proposta semelhante.
Diante da possibilidade de problemas econômicos, a entidade pede respeito à soberania brasileira e cobrou que os europeus assumam o compromisso de preservar a mesma quantidade de florestas que os brasileiros.
Dados do Eurostat, órgão que reúne as estatísticas oficiais do bloco europeu, apontam que a média de cobertura florestal na União Europeia é de 43,5%, enquanto o Brasil mantém preservado mais de 62% do seu território. O patamar de preservação brasileiro só é superado pela Finlândia (69,9 %), Suécia (67%) e Eslovênia (62,5%). Os números são referentes a 2018 e sofreram queda na comparação com o levantamento anterior, realizado em 2015, o que demonstra que o desmatamento também tem avançado no Velho Continente.
“A União Europeia precisa entender que não são mais a metrópole do mundo (dona) e que o Brasil e demais países da América do Sul deixaram de ser suas colônias. Se os europeus estão preocupados com nossas florestas, eles poderiam aproveitar a qualidade de suas terras para replantar também as suas florestas e instituir como aqui a reserva legal e as áreas de proteção permanente dentro das propriedades rurais”, conclui.
