Após mais de dois meses sem exportar carne bovina para a China, os produtores foram surpreendidos com a retomada do comércio nesta terça-feira (23), suspenso em razão de dois casos atípicos da doença da vaca louca em Mato Grosso e Minas Gerais. A exportação ocorrerá, em um primeiro instante, somente dos produtos que haviam sido certificados antes do embargo, ocorrido em 4 de setembro.
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Apesar de autorizar somente os produtos certificados até o embargo, os produtores mato-grossenses veem com bons olhos e como um caminho natural a 'retomada parcial'. Segundo o diretor técnico da Associação de Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Francisco Manzi, os produtores foram bastante prejudicados pelas medidas, principalmente em razão do preço oferecido pelos frigoríficos, que chegou a uma redução de 20%.
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"Nós vemos com bons olhos e era o que precisava cronologicamente ser feito, mas a gente espera mais. Esperamos que ela (China) ratifique mesmo as compras e possa fazer novos contratos de compra para podermos continuar tendo mais um mercado para atender, que é tão importante como o da China", afirmou Francisco, que também é pecuarista e médico veterinário.
Além do impacto negativo no preço da carne bovina para os criadores, houve uma queda de mais de 50% na exportação. Segundo dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), Mato Grosso vinha em crescente nas exportações, saindo de 37,34 mil toneladas equivalentes à carcaça (TEC) em junho para 55,50 mil TEC no mês em que houve o embargo. Após isso, o volume de exportação caiu para 25,89 mil TEC. Portanto, houve uma redução de pouco mais de 55% na exportação. Já a arrecadação caiu pouco mais de 57%.
CASO DA VACA LOUCA ESTÁ ELUCIDADO
Ainda segundo Francisco Manzi, os dois casos atípicos da doença da vaca louca surgidos em Mato Grosso e Minas Gerais já estão elucidados, mas novos casos podem ocorrer, já que o Brasil tem mais de 200 milhões de cabeças de gado e que, segundo o diretor técnico, é de esperar que haja um caso para 10 milhões de cabeças.
"A Organização Mundial de Saúde Animal classifica os países quanto ao risco para a doença da vaca louca e o Brasil é considerado com risco insignificante, continua sendo com risco insignificante, o menor patamar que existe na organização", explicou. "Mas como ela é espontânea, é possível [novos casos], não é nem 'e se' é 'quando'", completou.
Ainda de acordo com Francisco, o embargo sofrido durante quase três meses não afetou a programação dos criadores, pois a pecuária é uma atividade de longo prazo e a orientação da Acrimat é que seus associados invistam cada vez mais em tecnologia e aumentem a margem para investimentos. "O pecuarista, de uma forma geral, é sempre otimista. É uma atividade a longo prazo, não é algo que o pecuarista possa falar: "nesse ano eu vou criar ou não vou criar". É de muito a longo prazo, normalmente é um ciclo de até 3 anos", concluiu.
MINISTRA: NUNCA HOUVE DESCONTROLE DA VACA LOUCA
A ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, também comemorou o fim do embargo chinês nesta terça-feira. À imprensa nacional, a ministra disse que as negociações com a China, para colocar fim de vez ao embargo, estão em andamento e que a situação será resolvida até o próximo mês. Ela ainda descartou falta de controle da doença da vaca louca.
"Não tem nada descontrolado, nunca houve. Foram casos atípicos. Tanto que a autoridade mundial, que é a OIE, liberou o Brasil em dois ou três dias. Rapidamente o caso foi concluído e todos os países membros da OIE liberaram a carne. Só a China que tem um protocolo diferente com o Brasil e que o Brasil teve que fazer a sua auto suspensão", disse, apresentando que não existe nenhum motivo para preocupação dos consumidores internos e externos.